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O que é isto se equilibrando em uma parede íngreme e por que não cai?

Talvez você tenha visto o vídeo que inspirou este texto (ele se espalhou pela internet e já passou em alguns programas de TV), mas eu ainda estamos amedrontados. Totalmente surpresos. Estamos no norte da Itália olhando para a barragem Cingino e aqui e ali, na parede de pedra vertical, você verá algumas manchas escuras.

Aqui estão elas de novo, um pouco mais perto. Se parecem com pedras salientes, ou talvez algum tipo de pregos de metal, mas se inclinar a sua cabeça para o lado, você verá que elas têm o que parecem ser… pernas.

Isso porque essas coisas são mesmo pernas. Estas equilibristas são cabras, as íbexes alpinas. Elas se espalharam por este lugar porque essa parede é rica em sal, um mineral que elas desejam. Então, enquanto lambem a iguaria, balançam de um lado para o outro com naturalidade, usando suas quatro patas em uma superfície tão estreita que não conseguimos descobrir como elas conseguem a façanha. Esta parede – quando olhada de cima – é drasticamente íngreme.

Um close mostra que os animais se apoiam em quase nada. E, no entanto, eles casualmente navegam pela superfície como se estivessem andando em uma estrada normal. Eles também podem dar pequenos saltos, e, por vezes, ficam apenas sobre duas pernas, com o outro par delas balançando brevemente no ar – o que seria capaz de deixar mesmo os mais valentões com frio na barriga.

Porém, com um pouco de observação, é possível perceber que estes animais funcionam de forma diferente de nós. Eles são projetados tem corpos feitos para verticalidade – como carneiros de montanha. Após assistir as ovelhas pulando na parede vertical, a escritora Ellen Meloy observou que elas obtêm a sua energia a partir de seus traseiros. “As ancas carregavam todo o músculo, sem nada debaixo de seus cascos, a não ser o ar e um ponto de apoio um pouco maior do que o meu lábio inferior”, descreveu a autora.

Dá para imaginar que estas cabras estão se equilibrando em um “lábio inferior” de pedra, mas elas não parecem nem um pouco preocupadas com isso. Elas se parecem mais (novamente parafraseando Ellen) com “bailarinas ligeiramente entediadas”. Deve ser mais assustador descer. Será que elas nunca escorregam e caem de cabeça no chão lá embaixo? Não com frequência, aparentemente.

Há pessoas que se deleitam em se pendurar em um fio de cabelo de rocha, que dirigem a noite toda para encontrar uma parede de pedra em que dois centímetros fazem toda a diferença entre ficar e mergulhar em queda livre sem paraquedas. Eu não sou uma delas. Porém, às vezes me pergunto como seria me transformar em uma íbex da montanha por 20 minutos, para que eu pudesse sentir meus medos se transformarem nos meus prazeres, para que eu pudesse olhar diretamente para baixo, mirar um tufo de sal, e pensar: “Aaah, mas que delícia!” e então, sem cuidado, pular direto para o ar aberto vazio. [NPR]

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