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O que fazer quando a profecia falha?

Como muitos já esperavam, o mundo não acabou no último dia 21 como previa o pregador Harold Camping, do grupo cristão evangélico Family Radio. Agora ele tem um grande problema em suas mãos: como prestar contas aos milhares de dólares doados por seus fiéis para a divulgação de sua causa? Qual será a reação de seus seguidores agora que a vida continuou e o sábado do Juízo Final não passou de um dia comum, como qualquer outro?

Nos últimos anos o pastor da Califórnia, EUA, arrecadou e gastou milhões de dólares para promover a profecia do fim do mundo no dia 21 de maio de 2011, e agora ele não deu mais as caras. As pessoas que “compraram” suas ideias estão começando a retomar sua rotina. O motorista de trator Keith Bauer ficou perto da rádio de Harold com sua família durante o sábado, esperando pelo fim. “Eu tinha algumas desconfianças, mas eu tentei ignorar o ceticismo porque eu acredito em Deus. Eu estava aguardando o fim, pois acho que o paraíso será bem melhor que a Terra”, disse ele. “Mas eu fiz isso por Deus, não por Harold Camping”.

Para a professora de estudos religiosos, Anthea Butler, da Universidade da Pensilvânia, a provação dos fiéis está longe de terminar. Aqueles que doaram suas poupanças para espalhar a crença do juízo final têm outros problemas pela frente. “Temos que zelar por alguns que faziam parte do grupo para garantir que eles não façam nada de mal contra si mesmos, ou que machuquem outras pessoas”, disse ela.

Este episódio fez surgir outras histórias antigas como a do reverendo Jim Jones, de Oakland, EUA. Ele começou como um líder carismático que atraiu seus seguidores para um templo e os levou a cometer suicídio em massa, em 1978. O caso da seita à extraterrestre, conhecido como “Portão do Paraíso”, de 1997, também terminou em dezenas de pessoas tirando a própria vida em San Diego.

Ao contrário desses casos, o Family Radio não isolou seus “discípulos” em uma seita. Um caso parecido foi o da seuta “Planet Clarion”, também relacionado a extraterrestres, que, em 1956, deu origem ao livro “Quando a Profecia Falha”.

No começo da década de 1950, uma dona de casa de Chicago, chamada Dorothy Martin, atraiu seguidores que acreditaram em sua afirmação que um grande dilúvio iria destruir a Terra em 21 de dezembro de 1954. Ela dizia que apenas seus seguidores seriam salvos pelos alienígenas que a avisaram do desastre. O autor do livro se infiltrou no grupo e relatou suas reações quando a chuva não veio. Todos eles ficaram muito decepcionados, mas, horas depois, Dorothy apareceu dizendo que os alienígenas haviam alertado que uma intervenção divina havia prevenido o cataclismo.

Mas a questão do dinheiro, no caso do Family Radio, ainda pode dar o que falar. A organização tinha US$ 72 milhões em seus bens, no final de 2009. Onde todo esse dinheiro foi parar? Quanto sobrou depois da campanha? Os fiéis podem reclamar a quantia doada de volta? Na internet já circulam mensagens de ressentimento. A lição que se pode tirar desse caso é olhar com desconfiança para pessoas pregando o fim do mundo, seja baseado na Bíblia, ou no calendário Maia.

O melhor a fazer é aproveitar a vida enquanto o dia não chega. Se o mundo vai acabar, ou não, ninguém sabe o dia e a hora; vamos é viver e não entrar em pânico. Ah, e claro, não sair distribuindo todo seu dinheiro para campanhas apocalípticas. [MSNBC]

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