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Estudo aponta que distanciamento social é melhor para a economia a longo praz

Autoridades da saúde defendem o isolamento como forma mais eficaz de combate a pandemia da Covid-19. Na economia há quem veja essa alternativa como sendo dos males o menor. O argumento é de que manter as pessoas em casa por tanto tempo vai desacelerar a economia, mas vale a pena se diminuir a disseminação do novo coronavírus.

Nesse contexto, houve manifestações de que a cura não pode ser pior do que a doença. Então, milhares de mortes seriam um peço a pagar para que a economia não afundasse.

Mas os economistas Sergio Correia, Stephan Luck e Emil Verner apresentam um terceiro ponto de vista para essa situação. O artigo ainda não revisado pelos pares foi publicado na semana passada. Esses economistas argumentam que o distanciamento pode ser muito bom tanto para a saúdo pública quanto para a economia.

A equipe analisou a pandemia de gripe no período entre 1918 e 1919 nos Estados Unidos. Aquela pandemia se estendeu de janeiro de 1918 a dezembro 1920. Embora não seja idêntico ao que ocorre hoje, é o mais próximo da atual situação. Foram comparadas cidades que nesse período adotaram quarentena e isolamento antes e aquelas que adotaram mais tarde.

Quanto antes melhor

O que os economistas perceberam foi que aquelas cidades que adotaram essas medidas de isolamento e paralisação de algumas atividades mais cedo não se saíram pior e até se recuperaram mais rápido após a pandemia.

Essas intervenções chamadas de não medicamentosas incluem quarentena, fechamento de escolas e empresas. Os autores do artigo observaram que as intervenções não medicamentosas podem, em teoria, provocar queda direta nas atividades econômicas ao impedir que alguns tipos de trabalho sejam executados. Mas, indiretamente, pode aumentar a atividade da economia ao prevenir mortes em larga escala, o que também teria impacto econômico negativo.

Assim, ao mesmo tempo em que as medidas de distanciamento salvam vidas, amenizam os problemas econômicos provocados pela pandemia.

Análise dos dados

Os dados foram retirados de um artigo de 2007 publicado no Journal of the American Medical Association. Pesquisadores identificaram quais políticas foram adotadas entre setembro de 1918 e fevereiro de 1919 em 43 cidades. As medidas mais comuns adotadas de forma conjunta em 34 das cidades analisadas foram fechamento de escolas e proibição de aglomerações, pelo período de quatro semanas.

Outras 15 cidades associaram isolamento com fechamento de escolas e proibição de aglomerações. Os pesquisadores identificaram que mais intervenções não medicamentosas por maior período estão associadas a menor número de mortes.

No novo estudo, os economistas associam esses dados com os resultados na economia. As cidades com resposta mais rápida tiveram aumento de emprego na indústria 4% maior depois de passada a pandemia. As com medidas mais duradouras tiveram taxa 6% maior.

Foi possível perceber que pandemias são ruins para a economia, mas adotar essas medidas foi melhor para a saúde pública e parar a pandemia foi bom para a economia.

Esse tipo de estudo tem suas limitações. Os pesquisadores reconhecem que pode haver diferenças entre as cidades que tenham afetado o resultado, além das medidas de isolamento. Mas devido à forma como a segunda e mais forte onda da doença se espalhou, eles acreditam que o que influenciou a resposta mais rápida em algumas cidades é o fato de terem aprendido com aquelas atingidas por primeiro. [Vox, SSRN]

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