O rio Amazonas flui para trás, e agora os cientistas descobriram por quê

Por , em 19.05.2015

O rio Amazonas flui na direção oposta em relação a todos os outros rios, de leste a oeste. A inversão do sentido do maior rio da Terra não é uma coisa trivial, obviamente, e os geólogos têm refletido sobre a causa dessa virada por algum tempo.

Agora, o Dr. Victor Sacek, da Universidade de São Paulo, demonstrou que ela pode ser explicada com um fenômeno muito simples: erosão.

Por que o rio Amazonas corre para trás?

Com os poderosos Andes no extremo ocidente do continente, parece lógico que os rios da América do Sul corram para leste. Enquanto o Amazonas descarrega cinco vezes mais água do que qualquer outro rio do planeta, o rio Orinoco e o rio de La Plata correm da mesma forma, cada um superando qualquer rio na América do Norte ou da Europa no processo.

No entanto, até 10 milhões de anos atrás, a maior parte do que agora é a bacia amazônica foi drenada por um rio que corria para o oeste em um lago gigante que ficava aos pés dos Andes. De lá, a água corria para o norte em direção ao Mar do Caribe. Como o istmo do Panamá ainda não estava lá, esta água foi então arrastada para o oeste no Pacífico.

Uma possibilidade

Inclinar um continente inteiro parece um imenso trabalho, de modo que os geólogos haviam especulado que mudanças na convecção dentro do manto da Terra, talvez resultante do desmembramento da África e América do Sul, seriam as responsáveis por isso.

Sacek pensa diferente. Ele aponta que o aumento dos Andes conforme a placa sul-americana se chocou com a placa de Nazca pode explicar o processo no prazo adequado. Tanto que ele incluiu no seu modelo teórico o fato de que, como as montanhas subiram, elas interceptaram mais nuvens de chuva, que por sua vez desencadearam mais erosão.

Nova hipótese

No início, o aumento dos Andes produziu uma calha para o leste, que se tornou o Paleolago em que o Amazonas fluiu para oeste, esvaziando. Com o tempo, no entanto, este naufrágio desacelerou e a erosão aumentou, substituindo o lago por uma série de zonas úmidas conhecidas como Pebas. Essas vastas regiões pantanosas teriam sido um ecossistema como nenhum que vemos hoje, mas a acumulação de sedimentos eventualmente levou a região até o ponto onde a precipitação na área foi empurrada de volta para o outro lado.

Esse modelo de explicação combina muito bem com a observação de que sedimentos depositados na foz do Amazonas aumentaram durante o período em que seu fluxo ia na direção leste. No início, quando as fontes da Amazônia eram relativamente planas, grande parte do sedimento foi despejada no caminho até à foz.

Sacek admite, no entanto, que seu modelo “falha ao reproduzir totalmente a evolução espacial e temporal do sistema Pebas como observado em dados geológicos”, e diz que é necessário mais trabalho para tirar novas conclusões. [iflscience]

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