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Qual o risco de morrer de dengue?

Qual o risco de morrer de dengue?

Dengue: levante a mão o brasileiro que ainda não pegou. Segundo o último balanço feito pelo Ministério da Saúde, o número de casos de dengue no Brasil subiu incríveis 290%. A “boa” notícia é que o número de mortes caiu em relação ao ano passado.

Doença febril aguda, a dengue pode se apresentar de quatro maneiras diferentes: infecção inaparente, dengue clássico (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD). Atualmente, é a mais importante arbovirose que afeta o ser humano, constituindo sério problema de saúde pública no mundo, especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor da doença.

Esse ano, até 15/03, dados do Ministério da Saúde mostram nada mais, nada menos que 591.384 casos registrados apenas em três meses – em comparação com 40.279 casos registrados no ano inteiro de 1990, quando se iniciou a coleta de dados.

No mesmo período, os casos confirmados de FHD, forma perigosa da dengue, foram 917 e os casos confirmados de dengue com complicações foram 3.048. A maior incidência da doença é na região Sudeste (250.858), seguida da região Nordeste (224.552).

Quanto às mortes, foram registrados 104 óbitos por FHD e 179 óbitos por complicações da doença, ou seja, 283 óbitos por casos graves da dengue (casos confirmados de FHD e de dengue com complicações).

Essas estatísticas são preocupantes, especialmente porque muitas (muitas mesmo) das pessoas que contraem a pessoa acabam não sendo testadas, e portanto, não entram para o rol de casos confirmados.

Em muitas cidades brasileiras, a dengue já atingiu o status de epidemia. E, enquanto alguns acham que a doença não passa de uma febrezinha, a análise mostra claramente que a dengue é perigosa e pode levar à morte, se não forem tomados cuidados necessários e imediatos.

Como se salvar?

Mais de 500.000 casos no país. Você mora em uma região de alto risco. O que fazer para tentar escapar da doença?
Um mito às vezes propagado é que a dengue pode ser transmitida pelo contato direto com uma pessoa infectada pelo vírus. Isso não é verdade. A única maneira de pegar dengue é sendo picado por um mosquito infectado com o vírus.

Existem algumas ações que você pode realizar para tentar se prevenir da doença, como passar repelente. Mas, em última análise, o extermínio da população de mosquitos transmissores é a única coisa, atualmente, que pode te livrar 100% do risco de contrair dengue.

O combate à dengue é uma responsabilidade dos governos, sejam eles da esfera federal, estadual ou municipal. Os cidadãos devem cobrar seus líderes políticos eleitos para tomar atitudes que eliminem os focos de Aedes aegypti na sua cidade.

É importantíssimo fazer a sua parte também, no entanto. Somente a atuação conjunta do governo e da população levarão ao controle da doença no Brasil.

Todos podem contribuir para o controle da dengue, eliminando os criadouros do Aedes aegypti, da seguinte maneira:

É de responsabilidade dos governos, entretanto, visitar imóveis com o objetivo de identificar, eliminar quando possível e tratar criadouros em potencial existentes; fornecer as orientações pertinentes aos moradores sobre as condutas a serem adotadas para a não proliferação do Aedes aegypti; identificação de locais (borracharias, cemitérios, terrenos baldios) que, por suas características, tornam-se criadouros em potencial para a proliferação do mosquito, etc.

Tratamento

Normalmente, a dengue dura de 5 a 7 dias. Quem está com dengue deve ficar em repouso e beber muito líquido. Não há um tratamento específico para atacar diretamente a doença. As medicações utilizadas são analgésicos e antitérmicos, que controlam os principais sintomas da condição, como dor e febre.

A pessoa doente não pode tomar remédios à base de ácido acetil salicílico, uma vez que esta substância aumenta o risco de hemorragia. Os medicamentos recomendados deverão ser sempre prescritos por um profissional da saúde.

É importante encaminhar os casos suspeitos para a unidade de saúde mais próxima. O vírus que causa a dengue possui quatro tipos diferentes, classificados como DEN 1, DEN 2, DEN 3, DEN 4.

A pessoa que pega a doença adquire apenas um destes tipos, e um teste simples pode identificar qual. Se a mesma pessoa contrair dengue outras vezes, aumentam as chances de se desenvolver a forma hemorrágica, o tipo mais grave.

Veja abaixo alguns sintomas comuns da doença:

Dengue Clássica

Dengue Hemorrágica

Vacina promissora

Uma das maneiras mais eficazes de se prevenir a doença seria com uma vacina que imunizasse pelo menos uma boa parcela da população.

A boa notícia é que ela não está tão longe da realidade. Cientistas do NIH (Institutos Nacionais de Saúde, dos EUA) desenvolveram uma vacina tretavalente segura contra a dengue que se provou eficaz em estimular uma resposta imune forte na maioria dos pacientes testados.

A infecção com um dos vírus da dengue resulta na imunidade a esse vírus específico, mas não aos outros três. Pesquisas mostram que a probabilidade de doença grave aumenta quando uma pessoa é subsequentemente infectada com um vírus da dengue diferente. Isso sugere que a vacina da dengue ideal seria tetravalente, isto é, protegeria contra os quatro vírus da dengue simultaneamente.

A Fase I do estudo clínico, lançada em julho de 2010 e coordenada por Anna Durbin, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore (EUA), testou uma dose única de quatro versões da vacina contra a dengue.

112 homens e mulheres saudáveis com idades entre 18 a 50 anos que não tinham sido previamente expostos ao vírus da dengue ou afins, como vírus do Nilo Ocidental e vírus da febre amarela, participaram do estudo.

As quatro combinações de vacinas induziram respostas de anticorpos contra cada um dos vírus da dengue. A combinação de vacina TV003 pareceu induzir a resposta mais equilibrada. Uma dose única de TV003 resultou em uma resposta de anticorpos a todos os quatro vírus da dengue em 45% dos participantes, e contra três dos quatro vírus em adicionais 45% dos pacientes. No geral, uma resposta imunitária a pelo menos três vírus foi observada em 90% dos indivíduos vacinados com TV003.

A produção barata da vacina (custo inferior a US$ 1 ou cerca de R$ 2,05 por dose) é fundamental para seu uso potencial em países em desenvolvimento. Fabricantes no Brasil, Índia e Vietnã, países onde a dengue é predominante, já licenciaram a tecnologia da vacina para produção e avaliação. Ensaios de Fase II para testar a segurança de TV003 e sua capacidade de criar uma resposta imunológica devem começar em breve por aqui e na Tailândia.

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