A utilização de tabaco em todo o mundo está em declínio, mas a redução não é tão expressiva quanto se esperava, revela um estudo recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as tendências globais do consumo de tabaco.
Em 2022, foi registrado que cerca de 1,25 bilhão de pessoas com 15 anos ou mais faziam uso de tabaco. Esse número é inferior aos 1,36 bilhão de 2000, embora a população mundial tenha aumentado.
Em 2000, aproximadamente 33% dos adultos consumiam produtos de tabaco, uma proporção que caiu para cerca de 22% em 2020, segundo o estudo divulgado numa terça-feira. Espera-se que essa percentagem diminua ainda mais, chegando a cerca de 18% até 2030. O estudo considera indivíduos a partir dos 15 anos como adultos.
Stella Bialous, professora no Departamento de Ciências Comportamentais Sociais da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e especialista em controle do tabaco, que não participou do estudo, afirma que os números confirmam a eficácia das medidas estabelecidas para o controle do tabaco. Bialous enfatiza que a implementação bem-sucedida de políticas como a criação de ambientes livres de fumo, limitação ou proibição de marketing e publicidade, aplicação de advertências de saúde e aumento dos preços, contribui significativamente para a redução do uso de tabaco.
Ela observa que nem todos os países estão utilizando essas estratégias ao máximo, o que, se fosse feito, poderia levar a uma queda mais acentuada no consumo de tabaco.
O relatório da OMS destaca especialmente o Brasil e a Holanda por suas notáveis reduções no uso de tabaco, enquanto menciona que países como Congo, Egito, Indonésia, Jordânia, Omã e Moldávia estão experimentando um aumento nas taxas de consumo.
Nos Estados Unidos, em 2022, cerca de 20% dos adultos relataram o uso de tabaco, uma queda em relação aos aproximadamente 30% de 2000, uma cifra que está bastante alinhada com a média global.
A região do Sudeste Asiático registra o maior uso de tabaco, com 27%, seguida pela Europa com 25%. Espera-se que a Europa se torne a região com maior consumo de tabaco até 2030.
Internacionalmente, os países se propuseram a reduzir o consumo de tabaco em 30% até 2025, em relação aos níveis de 2010. Atualmente, estima-se uma redução de cerca de 25% desde 2010, ficando um pouco aquém da meta, com apenas 56 países provavelmente alcançando-a, conforme a OMS.
Em 2020, a taxa global de uso de tabaco entre os homens era de cerca de 36%, em comparação com cerca de 8% entre as mulheres. Nos Estados Unidos, em 2022, as taxas eram de 24% para homens e cerca de 17% para mulheres.
Bialous expressa preocupação com algumas regiões onde meninas adolescentes de 13 a 15 anos estão aumentando o consumo de tabaco em comparação com as mulheres adultas, particularmente na África e no Mediterrâneo Oriental. Ela teme que essa tendência possa levar a um aumento do uso de tabaco entre as mulheres adultas no futuro, necessitando de atenção contínua.
O relatório da OMS não inclui dados completos sobre cigarros eletrônicos. Nos EUA, há preocupação com o vício em nicotina entre os adolescentes devido ao vaping. A relação entre o vaping e o fumo de cigarros ainda está sob análise, de acordo com Bialous. Ela observa que os cigarros continuam sendo o principal produto da indústria global do tabaco, mas a indústria também está diversificando para novos produtos de nicotina, como saquinhos e pastilhas, alegando serem mais seguros, apesar das crescentes evidências em contrário.
Ruediger Krech, diretor do Departamento de Promoção da Saúde da OMS, critica a indústria do tabaco por continuar promovendo cigarros e outros produtos de tabaco, influenciando políticas de saúde para seu benefício.
Bialous também sugere focar em ajudar os usuários atuais a parar como uma estratégia adicional para reduzir o uso de tabaco, enfatizando o aspecto humano por trás das estatísticas e o potencial benefício de oferecer suporte para a cessação. [NPR]