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O xadrez deveria ser uma disciplina obrigatória nas escolas?

Recentemente, uma lei foi criada na Armênia que obriga todas as crianças com seis anos ou mais a aprender xadrez nas escolas. O país acredita que isso fomentará o desenvolvimento intelectual e melhorará as habilidades de pensamento crítico dos alunos.

A Armênia tem motivos de sobra para acreditar no xadrez. O país trata os grandes mestres do jogo de tabuleiro como estrelas do esporte, os campeonatos de xadrez são exibidos em telas gigantes nas cidades, e as vitórias são comemoradas com o tipo de frenesi que ocorre na maioria dos países com o futebol.

O xadrez é nada menos do que uma obsessão nacional. A população pode ser de apenas 3,2 milhões de habitantes, mas a Armênia regularmente bate potências como a Rússia, a China e os EUA. Sua equipe nacional conquistou o ouro na Olimpíada Internacional de Xadrez em 2006 e em 2008. Além disso, o presidente armênio, Serzh Sargsyan, acaba de ser reeleito como presidente da Federação de Xadrez armênia.

Mas será que o xadrez realmente ajuda o desempenho acadêmico e melhora o comportamento das crianças, a ponto de valer a pena que seu ensino seja obrigatório?

Os defensores do xadrez têm algumas evidências de que sim. Um estudo de dois anos realizado nos EUA descobriu que a aprendizagem do xadrez melhora os índices de pontuação e desempenho em testes de leitura e interpretação no ensino fundamental.

Outro estudo concluiu que jogar xadrez pode aumentar as pontuações de QI, reforçar as competências de resolução de problemas, melhorar a memória e estimular o pensamento criativo.

Segundo cientistas, há muitas razões pelas quais o xadrez tem um impacto positivo sobre crianças da escola primária. Não só dá às crianças habilidades de pensamento e melhora sua memória, concentração e cálculo, mas as ensina a assumir a responsabilidade por suas ações.

Há também atitudes comportamentais e atributos sociais. As crianças apertam as mãos no início do jogo e, embora não seja um silêncio mortal durante a partida, a sala fica bastante tranquila e disciplinada.

Além disso, o jogo é uma atividade universal e inclusiva, que pode ser jogado em todos os padrões. Uma pessoa de 4 anos pode jogar com alguém de 104 anos. Pessoas que não podem andar podem ser atletas de primeira classe. Crianças negligenciadas por outros meios, por serem muito quietas ou fisicamente fracas, por exemplo, podem ser as melhores. Sem contar o fato de ser barato, por isso acessível até mesmo a crianças menos favorecidas economicamente.

Segundo pesquisadores, o jogo pode ser difícil para crianças novas, mas na idade de 6 elas já são capazes de entender. É o momento ideal para “selecionar” as pessoas com potencial. O xadrez usa o poder do cérebro, e não a experiência. Se uma criança é boa aos 6 anos, pode ser um grande mestre aos 12.

Seus defensores afirmam que o xadrez é um processo muito viciante, como uma droga positiva para as crianças. Mesmo quando é jogado online, é muito melhor do que videogame ou televisão.

Alguns especialistas, embora pensem que o ensino de xadrez nas escolas pode ser benéfico, acreditam que não é necessário torná-lo obrigatório. Há muitas outras coisas que poderiam se beneficiar de serem obrigatórias também, mas a questão é: seria adequado?

Na Armênia, o governo está batendo em uma porta aberta. O xadrez é super entranhado na cultura local. Em outros países que também incentivam o xadrez, como o Reino Unido, torná-lo obrigatório pode ter um efeito contrário, como desanimar as pessoas.

E os professores? O que acham disso? Muitos educadores percebem facilmente como o jogo pode ser uma ferramenta útil. O xadrez é uma habilidade: o que você tem a perder em estimular uma habilidade?

Porém, apesar de concordar que o fornecimento de xadrez nas escolas (ou seja, estimular sua prática, seja através de clubes ou aulas) é útil, muitos professores não acreditam que o melhor caminho sejam aulas obrigatórias.

Os educadores não têm certeza se isso teria um impacto positivo. A ideia é de que haja a opção, para as crianças que achem a atividade interessante. Em um currículo já lotado de prioridades, não há espaço para mais disciplinas obrigatórias. Mas sempre há espaço para o conhecimento.

[BBC]

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