Embora já recolha dados sobre partículas minúsculas há vários anos, o maior telescópio de neutrinos do mundo – feito de um cubo gigante de gelo no Pólo Sul – só foi concluído em dezembro.
O Observatório de Neutrinos IceCube é destinado a detectar partículas subatômicas que viajam próximas à velocidade da luz – os neutrinos. Alguns vêm do sol, enquanto outros vêm de raios cósmicos que interagem com a atmosfera da Terra e fontes astronômicas como a explosão de estrelas na Via Láctea e outras galáxias distantes.
Trilhões de neutrinos viajam pelo seu corpo, mas eles raramente interagem com a matéria normal. Por causa disso, eles ajudam a compreender processos violentos do universo que envolvem estrelas de nêutrons e buracos negros. Eles podem até revelar detalhes sobre a matéria escura, substância invisível que os físicos acreditam que compõe a maior parte da matéria no universo.
Porém, neutrinos não são tão fáceis de se apanhar. Então, os cientistas estão usando gelo para ver se um neutrino se choca contra um dos átomos que compõem as moléculas de água gelada.
O telescópio gigantesco foi construído no gelo do planalto da Antártida no pólo sul. O tamanho do observatório – um quilômetro cúbico de gelo – é importante porque aumenta o número de colisões potenciais que podem ser observadas. Além disso, o tipo de gelo no Pólo Sul é perfeito para a detecção de colisões raras.
O Pólo Sul é basicamente uma geleira gigante composta quase totalmente de água congelada. O gelo não está sob pressão extrema, e conforme a neve cai, o gelo se “espreme” até que esteja em seu estado mais puro. Isso significa que as cargas dos átomos no interior do gelo aumentam as chances de uma colisão.
O trecho final de construção terminou com a perfuração de 86 buracos para os 5.160 sensores ópticos, instalados para formar o detector principal. Esses sensores e detectores procurarão múons ou muãos, que são partículas criadas a partir de colisões de neutrinos com átomos de gelo.
No gelo ultra-transparente que existe em tais profundidades, o muão irradia luz azul, que é detectada pelos sensores ópticos do IceCube. O muão preserva a direção do neutrino original e, assim, aponta para sua origem cósmica.
Ao contrário de muitos projetos científicos de larga escala, o IceCube começou a registrar dados antes que sua construção estivesse completa. Desde 2005, anualmente, o sensor começou a recolha de dados. A cada ano mais e melhores dados foram analisados por cientistas em todo o mundo.
Assim, o projeto já havia publicado resultados na busca por matéria escura e encontrado padrões intrigantes nas direções de chegada dos raios cósmicos. Com a conclusão do IceCube, os cientistas devem chegar a um nível de sensibilidade que os permite ver neutrinos provenientes de fontes além do sol. [MSN]