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Os 7 empregos mais radicais do mundo científico

Os cientistas têm rotineiramente se aventurado em situações-limite em nome da descoberta. Enquanto os médicos de antigamente roubavam cadáveres do necrotério ou testavam medicamentos experimentais em si mesmos ou em suas famílias, a maioria dos cientistas deixou essas medidas extremas para trás. No entanto, como você perceberá nesta lista, nem todos os pesquisadores contemporâneos decidiram se focar inteiramente no trabalho em laboratórios e relegar à aventura apenas para o final de semana.

Do mergulho em cavernas ao trabalho em laboratórios debaixo d’água, aqui estão os sete trabalhos mais radicais que alguns cientistas de hoje em dia enfrentam em nome da ciência.

7. Mergulhador de cavernas


Aqueles que se arriscam na arte de mergulhar em cavernas realmente encontram diversas dificuldades na hora de desempenhar a atividade. Alguns movimentos corporais errados podem liberar enormes quantidades de sedimentos, criando uma espécie de blecaute completo que deixa os mergulhadores irremediavelmente perdidos nas profundezas dos mares com um suprimento de oxigênio que se esgota rapidamente.

Entre 1969 e 2007, 368 cidadãos estadunidenses morreram enquanto mergulhavam em cavernas, de acordo com um estudo de 2009 detalhado no Jornal Internacional de Pesquisa Aquática e Educação.

Mas essas cavernas traiçoeiras também pode revelar novas informações sobre o clima da Terra primitiva e a ecologia de ilhas. Em 2010, uma equipe de mergulhadores do Bahamas, incluindo o antropólogo Kenny Broad, da Universidade de Miami, Estados Unidos, se aventurou em buracos gigantes cheios d’água, que se formam em cavernas submarinas, para descobrir a história climática da região. Em um documentário, a equipe relatou a descoberta de que jacarés e tartarugas uma vez habitaram a área, mas desapareceram bem na época em que os humanos chegaram pela primeira vez nas ilhas.

Apenas alguns meses depois que o filme foi lançado, o fotógrafo do projeto, explorador e cineasta Wesley Skiles, morreu ao mergulhar em um recife de corais na costa da Flórida.

6. Mergulhador que vive no fundo do mar


Nem todos os esforços científicos são mortais – alguns são simplesmente muito esquisitos e desconfortáveis.

A maioria dos mergulhos só podem durar algumas horas, como explica o oceanógrafo da Universidade da Califórnia, em San Diego, EUA, Dale Stokes. “Você só pode gastar tanto tempo a uma certa profundidade, porque o seu corpo absorve nitrogênio, que é um gás inerte”.

Se os mergulhadores ficarem submersos por muito tempo ou subirem muito rapidamente à superfície, o nitrogênio dissolvido forma bolhas que se expandem, fazendo com que o sangue do mergulhador se transforme no conteúdo de uma garrafa de refrigerante quente e sacudida.

Para evitar que esse fenômeno aconteça, os cientistas podem realmente escolher viver no fundo do mar – há um laboratório submarino chamado Aquarius próximo à costa da Flórida. O local recebe bombeamentos de ar lá da terra firme e é mantido o mais seco possível.

“Nós estamos vivendo dentro de uma bolha de ar no fundo do mar”, conta Stokes. Os mergulhadores podem viver lá por até duas semanas. Eles se aventuram pelas redondezas com trajes de mergulho e tanques de oxigênio para passar horas explorar os recifes próximos.

Embora a estrutura no fundo do mar ajude na prevenção de problemas para a saúde dos mergulhadores, não se trata exatamente de um “lar doce lar”. “Não é romântico. É muito fácil pegar infecções de pele e infecções de ouvido. Seu corpo fica sempre úmido e nunca seca”, queixa-se Stokes.

5. “Ordenhador de veneno”


Os cientistas que estudam animais peçonhentos muitas vezes precisam enfrentar situações-limite para obter o veneno. Os “ordenhadores de veneno” são obrigados a lidar com as cobras mais letais do mundo, juntamente com lagartos venenosos e tubarões. Ordenhar uma cobra venenosa não é um negócio fácil. Não só a pessoa tem que encontrar muitas e muitas cobras até conseguir obter uma quantidade razoável de veneno, como também o ordenhador precisa tirar as cobras de suas caixas e pressionar suas presas em uma placa de plástico ou tubo, enquanto massageia suavemente o veneno das glândulas. A maioria destes cientistas intrépidos já foram mordidos, às vezes mais de 20 vezes.

4. Astronauta


Resposta de nove entre dez moleques para a clássica pergunta “o que você quer ser quando crescer?”, os astronautas na realidade enfrentam um dos locais de trabalho mais adversos no mundo científico.

Desde o árduo processo de formação, passando pelo bombardeio de raios UV e pelo risco de morrer durante um voo (cerca de 1%), entrar para o time do espaço não é moleza. Mesmo depois de os astronautas voltarem com segurança à Terra, os perigos não cessam: eles podem sofrer de atrofia muscular e enfraquecimento dos ossos, devido ao tempo prolongado em que estiveram expostos à baixa gravidade. Isso ninguém conta aos garotinhos sonhadores na terceira série.

3. Técnico de laboratório


Um dos trabalhos mais perigosos na ciência é também um dos mais monótonos: o técnico de laboratório.

Jamile Jackson, um administrador de sistemas da empresa Lumosity, sabe que isso é verdade mais do que ninguém. Iniciante na área, calouro na faculdade e técnico de laboratório na Universidade de Jacksonville, na Flórida, em 2003, Jackson estava preparando uma demonstração científica para estudantes do ensino médio. O experimento envolvia a bobina de tesla, um circuito elétrico que pode levitar objetos. Mas Jackson cometeu dois erros críticos: o circuito não estava bem fixado no chão e ele não estava usando luvas de borracha. Quando Jackson chegou perto da bobina, seu corpo passou a fazer parte do circuito, que descarregou um raio de eletricidade através de seu corpo.

“Eu percebi o que eu estava fazendo de errado bem na hora em que entrei em contato com o campo elétrico”, conta Jackson.

A eletricidade saiu através de seus braços e da parte de trás de sua cabeça, ao invés de passar através de seu corpo inteiro, o que teria eletrocutado seu coração. Embora ele tenha eventualmente se recuperado do susto, ele tem notado que algumas mudanças sutis em seu pensamento que ainda persistem em decorrência do choque.

A história de Jackson pode ser uma experiências de laboratório de arrepiar os cabelos, mas não é a pior. Em 2008, Sheharbano Sangji, um estudante de pós-graduação na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, morreu devido a queimaduras sofridas enquanto ela estava trabalhando com uma substância altamente inflamável chamada t-butil-lítio.

Alunos de graduação frequentemente sofrem ferimentos de produtos químicos inflamáveis ou tóxicos. Além disso, os poderosos ímãs utilizados em exames de ressonância magnética para medir a atividade cerebral têm o poder de arrancar do chão objetos de metal, que vão desde pistolas a cadeiras de rodas, e acabar ferindo quem estiver por perto.

2. Caçador de tempestades


Quando todo mundo está fugindo de uma tempestade ou de um tornado, os caçadores de tempestades estão fazendo o caminho inverso e correndo justamente na direção da fúria da natureza, a fim de colocar os sensores de vento e de pressão o mais próximo possível das tempestades, conforme explica o caçador de tempestades e meteorologista Tony Laubach.

Perseguir furacões é, de fato, um negócio perigoso. Em maio de 2013, um caçador de tempestades veterano chamado Tim Samaras, junto com seu filho e um outro caçador de tempestades, morreu perseguindo um tornado em El Reno, Oklahoma, EUA.

“Foi o primeiro furacão do qual eu realmente tive que fugir”, diz Laubach. “Eu já tinha visto centenas de furacões em minha carreira. Mas esse era mesmo um monstro”. Aquela tempestade estava se movendo muito mais rápido e era muito maior do que inicialmente parecia.

Entretanto, os tornados não são o maior medo de Laubach: “Os raios são muito mais perigosos”, conta. Os relâmpagos são mortais e aleatórios. E você nem precisa ser atingido diretamente para ser afetado – um amigo de Laubach estava parado perto de uma cerca que foi atingida, e o seu braço ficou formigando durante várias horas.

1. Fisiologista de crocodilos


Na década de 1980, Roger Seymour, fisiologista de plantas e animais da Universidade de Adelaide, na Austrália, estava procurando por crocodilos no norte da Austrália. Na calada da noite, a equipe se aventurou em águas infestadas de crocodilos, lançou um feixe de luz nos olhos dos répteis, e, em seguida, enlaçou uma corda em torno deles. Seymour e sua equipe deixaram os crocodilos lutar até a exaustão antes de rebocar os animais para terra. “Isso não é para os fracos”, relata Seymour.

Quando os pesquisadores terminam seus trabalhos, eles geralmente apontam os crocodilos em direção à água e os répteis se dirigem ao seu habitat natural novamente. Porém, de vez em quando, um crocodilo decide almoçar em terra firme. Em um caso particular, um crocodilo deu a meia volta e decidiu caminhar rumo ao acampamento dos cientistas, conta Seymour. “Um dos meus colegas me empurrou para dentro da lama ao tentar descer da nossa van”, lembra Seymour. Apenas mais um dia de trabalho com os crocodilos australianos. [Live Science]

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