Um estudo recente revelou que, em períodos passados, os dias na Terra se alongaram em mais de duas horas devido ao distanciamento da Lua em relação ao planeta. Este fenômeno pode ter sido um fator crucial para eventos de oxigenação que precederam uma significativa diversificação da vida, conhecida como Explosão Cambriana.
Atualmente, a Lua orbita a uma distância média de 384.400 quilômetros da Terra. Entretanto, durante a história geológica, essa distância não foi constante. Com o tempo, a interação gravitacional entre a Terra e a Lua fez com que a Lua se afastasse progressivamente, resultando em uma desaceleração da rotação da Terra e no consequente alongamento dos dias.
Através de modelos que analisam a oscilação da Terra em seu eixo, é possível reconstruir parcialmente essa desaceleração ao longo do tempo. Contudo, estimativas anteriores sugeriam erroneamente que a Terra e a Lua teriam colidido há cerca de 1,5 bilhões de anos, uma hipótese que este novo estudo busca revisar.
A pesquisa, conduzida por uma equipe da Universidade de Tecnologia de Chengdu, na China, examinou camadas de rochas marinhas datadas de aproximadamente 700 milhões a 200 milhões de anos atrás. Esses sedimentos, conhecidos como tidalites, registram variações na espessura dos oceanos, permitindo inferir a força das marés e, por consequência, a rotação terrestre ao longo do tempo.
Os resultados indicam que a rotação da Terra experimentou mudanças significativas durante dois períodos específicos, com um aumento de 2,2 horas na duração do dia e um afastamento médio da Lua de 20.000 quilômetros. O primeiro desses períodos, entre 650 milhões e 500 milhões de anos atrás, coincide com a Explosão Cambriana, enquanto o segundo, entre 340 milhões e 280 milhões de anos atrás, ocorreu durante uma era de intensas glaciações.
Os pesquisadores sugerem que o aumento na duração do dia e na exposição solar causado pelo distanciamento da Lua pode ter contribuído para eventos de oxigenação que estimularam a diversificação da vida na Terra. Contudo, ressaltam que esses achados devem ser interpretados com cautela. O estudo também questiona a influência de períodos de glaciação rápida na rotação da Terra, apontando as forças de maré como o principal fator de desaceleração.
O estudo foi pulbicado na revista científica PNAS.