Estes pontos brancos no céu não são estrelas ou galáxias, adivinhe o que são

Por , em 22.02.2021

A imagem acima pode parecer uma foto normal do céu noturno, mas o que você está olhando é muito mais especial do que estrelas brilhantes. Cada um desses pontos brancos é um buraco negro supermassivo ativo.

E cada um desses buracos negros está devorando material no coração de uma galáxia a milhões de anos-luz de distância e é assim que foram identificados.

Totalizando 25 mil deles, os astrônomos criaram o mapa mais detalhado até agora de buracos negros usando baixas frequências de rádio, um feito que levou anos e um radiotelescópio do tamanho da Europa para compilar.

“Este é o resultado de muitos anos de trabalho em dados incrivelmente difíceis”, explicou o astrônomo Francesco de Gasperin, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha. “Tivemos que inventar novos métodos para converter os sinais de rádio em imagens do céu.”

Crédito: LOFAR/LOL

Quando eles estão parados, buracos negros não emitem qualquer radiação detectável, tornando-os muito mais difíceis de achar. Quando um buraco negro está ativamente acumulando material que gira em um disco de poeira e gás ao seu redor — como água girando em um ralo — as forças intensas envolvidas geram radiação através de múltiplos comprimentos de onda que podemos detectar pela vastidão do espaço.

O que torna a imagem acima tão especial é que ela cobre os comprimentos de onda de rádio ultra-baixos, como detectado pelo LOw Frequency ARray (LOFAR) na Europa. Esta rede interferométrica consiste em cerca de 20 mil antenas de rádio, distribuídas em 52 locais por toda a Europa.

Atualmente, o LOFAR é a única rede de radiotelescópios capaz de gerar imagens profundas e de alta resolução em frequências abaixo de cem mega-hertz, oferecendo uma visão do céu inigualável.

Por ser baseado na Terra, o LOFAR tem um obstáculo significativo a superar que não aflige telescópios espaciais: a ionosfera. Isso é particularmente problemático para ondas de rádio de baixa frequência, que podem ser refletidas de volta ao espaço. Em frequências abaixo de 5 mega-hertz, a ionosfera fica opaca por essa causa.

As frequências que penetram na ionosfera podem variar de acordo com as condições atmosféricas. Para superar esse problema, a equipe usou supercomputadores executando algoritmos para corrigir a interferência ionosférica a cada quatro segundos. Durante as 256 horas que LOFAR olhou para o céu, isso são MUITAS correções.

Foi isso que gerou uma visão tão clara do céu de frequência ultra baixa.

“Depois de tantos anos desenvolvendo o software é tão incrível ver que funcionou”, disse o astrônomo Huub Röttgering do Observatório Leiden, na Holanda.

E a pesquisa fornecerá novos dados sobre todos os tipos de objetos e fenômenos astronômicos, bem como possivelmente objetos desconhecidos ou inexplorados na região abaixo de 50 mega-hertz.

“A divulgação final da pesquisa facilitará os avanços em uma variedade de áreas de pesquisa astronômica”, os pesquisadores afirmam em seu artigo.

“[Isso] permitirá o estudo de mais de 1 milhão de espectros de rádio de baixa frequência, fornecendo insights únicos sobre modelos físicos para galáxias, núcleos ativos, aglomerados de galáxias e outros campos de pesquisa. Este experimento representa uma tentativa única de explorar o céu de baixa frequência em alta resolução angular e profundidade.”

Os resultados serão publicados na revista científica Astronomia & Astrofísica.

Deixe seu comentário!