A ciência é assim mesmo: quando um cientista anuncia uma descoberta, outros buscam encontrar furos na descoberta. Neste caso, não é exatamente um furo, mas duas outras partículas “impostoras”, que dariam resultado semelhante ao bóson de Higgs. No jargão científico, são “explicações alternativas” que devem ser investigadas e eliminadas para poder anunciar a descoberta do bóson de Higgs.
Depois de analisar os dados coletados no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), os cientistas Ian Low, Joseph Lykken e Gabe Shaughnessy, do Argonne National Laboratory, em Illinois, Estados Unidos, alegam que as observações podem ser explicadas por duas partículas, um Higgs “genérico”, e um “impostor”. Na verdade, o decaimento em pares de bósons gauges poderiam ser explicados por quatro partículas, um dilaton/radion, um singlet escalar eletrofraco não dilatônico, um doublet escalar eletrofraco e um triplet escalar eletrofraco.
Usando os dados do LHC, eles descartam os impostores singlet dilatônico e não dilatônico. Sobram o doublet e o triplet escalares.
Identificação de Higgs
Bom, depois do anúncio de quarta-feira, o que há para fazer? Quem disse “descobrir do que é feita a matéria escura, como encaixar a gravidade no modelo de partículas e se o bóson de Higgs tem parentes” está enganado. O passo seguinte, e que começa com este trabalho, é chamado de “Identificação de Higgs”.
Em outras palavras, o anúncio foi de que foram encontrados eventos nas colisões de partículas que apontam para dois tipos de decaimentos que o bóson de Higgs apresentaria, e de que a análise estatística aponta que eles tem 5 sigmas de certeza de que se trata de uma nova partícula, e não de ruído de fundo, e que esta partícula pode ser o bóson de Higgs que eles tanto estão procurando.
Notaram o “pode ser”? Pois é, está lá na página do CERN também. A confirmação do resultado de que se trata o bóson de Higgs só vai sair depois de uma extensa análise dos dados. Algumas partículas podem ser a descoberta, mas a que melhor encaixa nos dados ainda é o bóson de Higgs.
Agora é esperar. Outros cientistas estão quebrando a cabeça para ver se a busca pela partícula, que já leva trinta anos e custou cerca de US$ 9 bilhões (R$18 bilhões) chegou mesmo ao fim. De qualquer forma, descobrimos uma nova partícula, ela é um bóson e é o mais pesado já visto.[Gizmodo, ArXiv]