Médicos tiveram que apagar fogo no peito de um paciente durante cirurgia cardíaca

Por , em 5.06.2019
Essa imagem ilustrativa não representa a cirurgia mencionada neste artigo

Durante uma cirurgia cardíaca de emergência em um homem de 60 anos, seu peito aberto na mesa de operação pegou fogo. Surpreendentemente, os médicos conseguiram apagar o incêndio e concluir a cirurgia sem outras complicações.

O estranho caso foi relatado no congresso internacional “Euroanaesthesia” deste ano, uma convenção anual da Sociedade Europeia de Anestesiologia.

A complicada cirurgia

De acordo com o relatório, o homem sofreu uma dissecção da aorta ascendente, uma ruptura potencialmente fatal na parede interna da artéria principal que bombeia sangue do coração para o resto do corpo. Como resultado, ele precisou de uma cirurgia emergencial para repará-la.

Mas os problemas pulmonares subjacentes do homem, particularmente sua doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), complicaram o procedimento de maneira inesperada.

Para alcançar seu coração, os médicos tiveram que abrir o seu esterno – o osso que fica no meio do peito. Quando fizeram isso, descobriram que o pulmão direito do homem estava preso ao esterno, com pedaços de tecido pulmonar danificado.

Bolhas de ar geralmente se formam em pessoas com DPOC. Quando os médicos tentaram arrancar com cuidado o pulmão direito do esterno do homem, perfuraram uma dessas bolhas, causando um grande vazamento de ar.

Para garantir que o paciente não passasse por desconforto respiratório (uma condição em que os pulmões se enchem de líquido, efetivamente afogando o paciente), mais anestesia foi aplicada e o fluxo de ar que o homem recebia por meio de um ventilador foi alterado para 100%.

O incêndio

Parte da cirurgia exigiu o uso de um eletrocautério, um dispositivo que usa calor para queimar ou cortar tecido. Havia também uma bolsa cirúrgica seca perto da caixa torácica do homem, um revestimento utilizado para transportar instrumentos cirúrgicos esterilizados.

Logo depois que o fluxo ar foi aumentado, uma faísca do eletrocautério aterrissou na bolsa e, graças ao ar muito rico em oxigênio ao redor do peito do homem, criou o fogo.

Inacreditavelmente, os médicos conseguiram extingui-lo rapidamente, sem causar danos ao paciente. A cirurgia correu sem novos problemas, e a artéria do homem foi reparada com sucesso.

O estranho incidente mais tarde inspirou os médicos a pesquisar casos semelhantes. Eles conseguiram encontrar seis outros casos documentados de queimaduras na cavidade torácica durante cirurgia, todos envolvendo bolsas secas, aumento da concentração de oxigênio, eletrocautério e um paciente com DPOC ou outra doença pulmonar. Esses casos também, felizmente, terminaram sem ferimentos.

Alerta

Embora esses casos sejam obviamente muito raros, ao divulgar a situação no congresso, os médicos esperam disseminar a consciência do fenômeno, especialmente considerando os fatores de risco comuns que levam ao “incêndio cirúrgico”.

“Este caso destaca a necessidade contínua de treinamento de fogo e estratégias de prevenção e intervenção rápida para prevenir lesões sempre que o eletrocautério é usado em ambientes enriquecidos com oxigênio”, disse Ruth Shaylor em um comunicado descrevendo o caso fornecido pela Sociedade Europeia de Anestesiologia. “Em particular, os cirurgiões e anestesistas precisam estar cientes de que incêndios podem ocorrer na cavidade torácica se um pulmão for danificado ou se houver um vazamento de ar por qualquer motivo, e que os pacientes com DPOC correm um risco maior”. [Gizmodo]

1 comentário

  • Darley Vieira Lages:

    Só para evitar alguma interpretação errada. o “ventilador” mencionado é como os médicos designam a máquina de respiração.

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