Cientistas identificaram o genoma de cerca de 8 mil organismos de amostras coletadas ao redor do mundo todo, e 30% deles são formas de vida até então desconhecidas pela ciência. Isso significa que 20 novos ramos foram adicionados à nossa árvore da vida, também chamada de árvore filogenética.
Apenas 1 a 2% das bactérias ou archeas podem ser cultivadas em laboratório. Por isso cientistas recorreram a um banco de dados público de bactérias de todo tipo de ambiente, alguns deles muito extremos.
A equipe por trás dessa pesquisa é da Universidade de Queensland (Austrália) e analisou o DNA de 1.500 amostras. “O real valor desses genomas é que muitos são distintos evolutivamente de outros genomas recuperados anteriormente”, afirma o pesquisador principal, Gene Tyson.
“Eles aumentam a diversidade evolutiva tanto entre bactérias quanto em archeas em 30%, e são os primeiros representantes de 17 filos de bactérias e 3 de archeas”, diz ele.
Quando levamos em consideração que todos os animais com coluna pertencem a apenas um filo, podemos ver quão significante essas novas descobertas são.
O processo usado pelos pesquisadores é relativamente novo, chamado de metagenoma. Este é o estudo do material genético do ambiente natural, e não cultivado em laboratório.
Uma das descobertas é a Bactéria do Filo 9, que foi isolada nas fezes de babuínos e azeite de dendê, entre outros locais. Outro é o Archeo filo 2, encontrado nas profundezas dos oceanos e fontes hidrotermais.
Agora o próximo passo é procurar genes entre os genomas que se parecem com genes que já vimos antes, o que poderia nos dar maiores pistas sobre como esses micróbios são e como eles agem. Alguns deles são tão diferentes dos genomas conhecidos que isso pode levar algum tempo.
Esse tipo de estudo pode levar ao desenvolvimento de novos antibióticos, que são normalmente descobertos em fungos e bactérias. A pesquisa também pode ser usada para desenvolver novos produtos químicos e materiais para uso industrial.
O estudo também pode nos ajudar a entender melhor como a evolução acontece e sobre os tipos de vida no planeta.
“Todas as dúvidas que temos sobre eventos evolutivos antigos – como os nossos ancestrais eram, quando metabolismos de metano apareceram, quando organismos produtores de oxigênio evoluíram – podem ser respondidas se tivermos mais genomas para analisar e uma árvore mais detalhada”, diz Donavan Parks, outro pesquisador do trabalho que foi publicado na revista Nature Microbiology.