Segundo um novo estudo, pessoas com alergias nasais ou de pele severas podem ter um risco maior de suicídio.
Os resultados estão em consonância com um estudo recente de Taiwan, que ligou os sintomas da asma com risco de suicídio. Mas os pesquisadores não sabem ao certo por que essas conexões existem.
A pesquisa revisou registros médicos de mais de 27.000 vítimas de suicídio. Os pesquisadores dinamarqueses descobriram que pouco mais de 1% já havia sido internado por graves alergias nasais ou eczema, comparado com 0,8% entre os cerca de 468.000 adultos do grupo de controle.
Porém, quando os pesquisadores pesaram outros fatores como a renda das pessoas e o histórico de distúrbios mentais, as alergias graves tiveram um risco um terço mais elevado de suicídio do que pessoas sem histórico de alergias.
Ainda assim, embora essa diferença pareça grande, o risco para qualquer pessoa com alergia grave ainda seria muito pequeno.
No estudo atual, as pessoas que tinham recebido apenas tratamento ambulatorial para alergias nasais leves ou eczema não apresentaram maior risco de suicídio. A ligação existe apenas nas pessoas que em algum momento precisaram de tratamento hospitalar; para gerenciar, por exemplo, um ataque de asma grave relacionado à alergia nasal.
Os pesquisadores acreditam que o risco de suicídio não é apenas uma questão das pessoas com alergias graves se sentirem piores.
Durante as reações alérgicas, o cérebro libera substâncias chamadas citocinas pró-inflamatórias, proteínas que ajudam as células a se comunicarem. A pesquisa mostra que estas citocinas podem promover efeitos de depressão, como a produção de serotonina no cérebro. Então é possível que esses efeitos sobre o sistema nervoso desempenhem um papel.
Os pesquisadores também descobriram que o histórico de saúde mental das pessoas complicava a situação. Alergias graves parecem estar relacionadas com risco de suicídio só entre pessoas que nunca tinham sido tratadas de depressão ou ansiedade. As pessoas que nunca tinham sido tratadas por ambas as alergias graves ou depressão tinham um risco menor de suicídio.
Isso levanta a questão de problemas de saúde mental em pessoas com alergias graves passarem despercebidos, enquanto diagnosticá-las e tratá-las poderia diminuir suas chances de suicídio. Certos antidepressivos aliviam os sintomas de depressão e também parecem suprimir as citocinas inflamatórias liberadas durante reações alérgicas.
Nada disto, porém, significa que pessoas com alergia devem ser testadas para pensamentos e comportamentos suicidas. Os médicos que tratam pacientes com doenças alérgicas apenas devem ser vigilantes sobre a manifestação de ideação suicida ou sinais de auto-mutilação.
Nos últimos anos, tem havido relatos de depressão, pensamentos suicidas e outros problemas psiquiátricos em algumas pessoas que tomavam medicamentos de alergia conhecidos como modificadores de leucotrienos, como Singulair, Accolate e Zyflo. Os pesquisadores não sabem se as drogas em si são culpadas. Mais estudos são necessários para ver como os vários antidepressivos e drogas de alergia poderiam afetar o risco de suicídio em pessoas alérgicas. [Reuters]