Pela primeira vez, uma pesquisa descobriu um efeito cognitivo positivo da depressão.
A depressão é uma condição psiquiátrica definida pelo constante mau humor, baixa autoestima e perda de interesse por atividades normalmente agradáveis. Cerca de 20% das pessoas no mundo sofrem de transtorno depressivo maior (nome clínico da doença) em algum ponto da sua vida.
Agora, um estudo mostrou que pessoas com transtorno depressivo maior se saem melhor em tarefas que exigem tomada de decisão do que pessoas sem a doença.
Os pesquisadores sugerem que esses pacientes processam informações de forma mais sistemática e analítica do que os outros. Eles podem, inconscientemente, colocar mais esforço em suas decisões, porque desejam controlar seu ambiente.
O estudo discorda de outras pesquisas que indicam que os depressivos são piores em tarefas mentais, porque eles se distraem com pensamentos de seus próprios problemas.
No experimento atual, 15 pessoas com transtorno depressivo maior, 12 se recuperando da doença e 27 indivíduos sem problemas de saúde mental foram convidados a entrevistar 40 candidatos e escolher o melhor para um cargo de secretário.
Os participantes receberam apenas uma chance de oferecer o trabalho, e não poderiam voltar atrás ou reavaliar um candidato visto anteriormente. Cada candidato que eles viram foi classificado em relação aos candidatos que haviam visto anteriormente.
Os participantes com transtorno depressivo maior executaram a tarefa melhor do que o grupo em recuperação e que o grupo saudável, escolhendo candidatos cerca de duas posições melhores, ou escolhendo o segundo ou terceiro melhor candidato, em comparação com o quinto melhor mais escolhido pelos outros dois grupos.
Segundo os pesquisadores, eles fizeram as melhores escolhas porque demoraram cerca de cinco minutos a mais antes de tomar sua decisão. Eles definiram um limiar superior de qualidade aceitável, embora não estivessem conscientemente tentando fazer isso.
Os resultados parecem concordar com a teoria de que a depressão pode aumentar algumas habilidades mentais, por causa de um processo de pensamento mais analítico e uma necessidade de ter controle sobre seu ambiente.
A habilidade de tomada de decisão, como experimentada na tarefa do secretário, está envolvida também em tarefas cotidianas, como compras e encontros. Como os cientistas não encontraram o mesmo efeito no grupo em recuperação, que ainda estava sofrendo de depressão leve, não é provável que o mesmo se repita em casos não clínicos de depressão.
Isso sugere que, pelo menos na escolha sequencial, apenas um estado agudo e grave de depressão leva a mudanças no comportamento estratégico. [LiveScience]