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Poderá haver fazendas no Espaço?

Assim como as plantas aqui na Terra retiram do solo os nutrientes necessários para seu crescimento, vegetais poderão ser usados, no futuro, para coletar nutrientes do solo da Lua ou de Marte. Ao menos é o que sugere um estudo da Universidade da Flórida (EUA), em parceria com a NASA.

Durante o programa Apollo, que funcionou até o início dos anos 70 e levou homens a pisar na Lua, foram feitas experiências com plantas no espaço, mas só agora, quarenta anos depois, que elas estão sendo seriamente levadas adiante. O solo lunar, que foi cuidadosamente coletado para análise na ocasião, é composto de pó solto, solo propriamente dito (uma mistura de minerais e matéria orgânica, líquidos e ar), rochas quebradas e outros materiais. A princípio, considera-se que seria até um solo fértil, já que não foi encontrada nenhuma toxina que impeça o crescimento de plantas.

É claro que os astronautas não retiraram toneladas de material da Lua, por isso os pesquisadores não puderam montar aqui na Terra uma lavoura de solo lunar para comprovar suas teorias. É aí que entra a biologia molecular, para estudar o solo lunar disponível para análise e concluir se é possível que os vegetais cresçam ali sem precisar efetivamente fazer uma plantação. Por essa razão, estão observando geneticamente como as plantas reagem ao solo lunar e quais os nutrientes que se retiram dele. Segundo um dos coordenadores da pesquisa, a descoberta será útil não apenas para saber se as plantas podem crescer na Lua, como também para ver que substâncias úteis os vegetais pedem retirar para o nosso uso.

Cerca de 35 espécies de plantas permaneceram crescendo normalmente, em boa saúde, depois de ficar em contato com amostras de solo lunar das missões Apollo 11 e 12, do final dos anos 60. Da mesma forma, animais colocados à exposição dessas amostras não sofreram nenhum efeito nocivo.

Pelo contrário: as plantas pareceram apreciar os nutrientes das amostras, que continham elementos tais como ferro, magnésio e manganês. O problema é que o solo é pobre em outros elementos importantes, como nitrogênio, fósforo, enxofre e potássio. Assim, o solo lunar “cru” não seria suficiente para o desenvolvimento das plantas. No futuro, dizem os cientistas, será possível que os astronautas passem mais tempo em nosso satélite natural, já que poderão produzir seu próprio alimento.

Para dar andamento ao projeto, contudo, será preciso mais uma visita do homem à Lua. Ainda falta coletar alguns dados básicos sobre a ação de microorganismos úteis às plantas na captura de nutrientes do solo. Como o material disponível foi coletado há 40 anos, esses microorganismos já estão todos mortos, seria necessária uma nova viagem para coletar mais. Os cientistas afirmam que bastam algumas centenas de gramas do material para chegar às conclusões pretendidas.

Conseguindo atingir esse objetivo na lua, os pesquisadores já têm uma nova meta em vista: Marte. Alguns estudos com sondas não-tripuladas já testaram o desenvolvimento de plantas no solo marciano, com a ajuda de alguns componentes químicos, mas o procedimento ainda é mais incipiente. É um plano para um futuro não tão próximo. E embora não haja previsão de uma viagem tripulada à Lua (a próxima não tripulada está planejada para 2015), há uma previsão para o homem visitar Marte, em 2020: é o projeto Orion. [Space.com]

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