Cientistas chineses modificam embriões humanos pela primeira vez e causam polêmica no mundo científico

Por , em 23.04.2015

Os chineses levaram oficialmente a ciência para um território desconfortável. Pesquisadores da Sun Yat-sen University, em Guangzhou, modificaram genomas de embriões humanos. O estudo, que foi publicado na revista Protein & Cell, confirma os rumores de que alguns cientistas estavam realizando esses experimentos eticamente duvidosos.

“O estudo é um marco, assim como um alerta de prevenção. Ele deve servir de aviso para qualquer profissional que pensa que a tecnologia está pronta para o teste de erradicação de doenças genéticas”, diz George Daley, biólogo de células-tronco da Escola de Medicina de Harvard.

Resultados mistos

No estudo em questão, os pesquisadores tentaram substituir o gene responsável por uma doença do sangue potencialmente fatal chamado β-talassemia. Eles usaram uma técnica de edição de genes chamada CRISPR / Cas9 em embriões humanos unicelulares não viáveis. Esta técnica permite aos pesquisadores o corte e a emenda do DNA nos locais desejados.

A experiência não foi muito bem sucedida. Dos 86 embriões iniciais, apenas uma fração teve sucesso na substituição do gene problemático por uma cópia normal. Além disso, a CRISPR / Cas9 também introduziu novas mutações não intencionais em outros lugares do genoma.

Precedente preocupante

O precedente que a experiência estabelece, no entanto, é o que está causando a polêmica. Uma das maiores preocupações sobre a alteração do embrião humano é que as mudanças feitas são hereditárias. Em outras palavras, elas podem ser transmitidas a gerações futuras de maneira que os cientistas não podem, atualmente, prever.

Por esta razão, uma aliança de 170 grupos de pesquisa, institutos e grupos de pacientes pediu recentemente uma moratória sobre a edição do genoma em embriões humanos.

“Muitos se opõem a modificação da linha germinal com o fundamento de que permitir mesmo as intervenções terapêuticas mais inequívocas poderia nos levar a um caminho em direção a melhorias genéticas não terapêuticas. Partilhamos estas preocupações”, diz o texto.

As revistas Nature e Science, duas das publicações mais importantes do campo científico, rejeitaram o artigo por questões éticas. [Discover Magazine]

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