Dos prazeres da vida, um que ninguém pode negar é o de ter a barriga cheia. Comer demais é uma das melhores sensações que existem.
A evolução deu aos seres humanos o instinto de comer muito a cada vez que pode, para se preparar para tempos difíceis – o instinto da sobrevivência. O hábito também é alimentado pela competição: comer mais e ficar mais forte.
Apesar do quadro não ser mais esse atualmente, o nosso cérebro provavelmente ainda não sabe disso. Segundo especialistas, o cérebro recompensa os seres humanos por comerem muito, liberando substâncias químicas de prazer, da mesma forma que ocorre com drogas e álcool.
Por exemplo, um estudo anterior sugeriu que o alto teor de gordura e alimentos ricos em calorias afeta o cérebro da mesma maneira que a cocaína e a heroína. Na pesquisa, quando os ratos consumiram estes alimentos em grandes quantidades, isso levou a hábitos alimentares compulsivos que se assemelham a dependência de drogas.
Os cientistas chamam o sentimento bom que as pessoas têm depois de comer de “analgésico da ingestão”, literalmente o alívio da dor ao comer. No nosso cérebro, há circuitos de recompensa para fazer as pessoas gostarem de comer. Se elas não comessem, não sobreviveriam.
Como, no passado, animais e seres humanos tinham que trabalhar muito para sobreviver, esse sentimento gratificante garantia a sobrevivência da espécie. Esse cenário mudou. O cérebro humano não. Os circuitos de recompensa ainda liberam substâncias químicas de conforto e satisfação. Mas, agora, com calorias ilimitadas e uma grande redução na quantidade de atividade física, a sociedade tem se tornado obesa.
A facilidade do acesso ao sal, gordura e açúcar é recente na linha de tempo humana. Os corpos então recompensam essa grande ingestão. Os seres humanos consumem tanto quanto possível, porque “acham” que não sabem quando irão ter esse alimento novamente, mesmo que, cognitivamente, todos saibam que isso não é verdade. A recompensa do corpo é através da liberação de opióides endógenos, que ajudam a controlar a dor.
Estar cheio é satisfatório em comparação com a “dor da fome”. A comida substitui o vazio com um conforto, um sono relaxante, que algumas pessoas conhecem como “coma de comida”. Quando você se alimenta, deposita sobre o corpo hormônios, e o sangue é desviado para a digestão. Depois de comer, a pessoa se sente bem.
Mas o corpo tem sinais naturais que avisam as pessoas para parar de comer. Quando o alimento passa pelo estômago, ele tem que ser digerido para passar para o intestino delgado. Uma vez que isso começa, os intestinos liberam um hormônio que diz ao cérebro para parar de comer.
À medida que aumenta a ingestão de alimentos, o estômago fica cheio, os níveis de glicemia mudam, e hormônio grelina, que estimula o apetite, se acalma. Aquela sensação de “saciedade” deveria terminar a refeição.
Apesar de todos esses sinais, tem gente que simplesmente os ignora. Mesmo quando as pessoas estão completamente cheias, não param de comer se o alimento for saboroso. Sendo assim, os especialistas resolveram oferecer algumas dicas para ajudar as pessoas a controlarem sua ingestão.
Entre elas, as principais são: não comer como se sua refeição fosse a última; só comer quando se sentir com um pouco de fome, e não esperar até sentir-se faminto, porque provavelmente comerá demais; parar de comer quando se sentir agradavelmente cheio e tentar um novo exercício: avaliar em uma escala de 1 a 10 qual a sua fome (1 é com muita fome e 10 é extremamente cheio). Durante a refeição, periodicamente, faça uma pausa para descobrir onde você está nessa escala, e pare quando estiver em 5. [CNN]