A curiosa história do QWERTY: Por que seu teclado não está em ordem alfabética?

Por , em 7.05.2013

É provável que você mal olhe para o teclado enquanto digita, já que se acostumou com a localização das teclas. Ainda assim, talvez já tenha se perguntado qual a lógica por trás dessa disposição. Não seria mais fácil deixar as letras em ordem alfabética, por exemplo?

Em texto recente, Jimmy Stamp, colaborador do Smithsonian, falou sobre teorias por trás do modelo de teclado mais usado no ocidente – o QWERTY (nomeado a partir das 6 primeiras letras do teclado).

A história começa na década de 1860 nos Estados Unidos, quando o político, jornalista, impressor e inventor Christopher Latham Sholes criou, junto com três colegas, uma das primeiras máquinas de escrever. Inicialmente, o teclado se assemelhava ao de um piano, e as letras estavam dispostas em ordem alfabética. É a partir daqui, segundo Stamp, que a história do QWERTY fica meio “nebulosa”.

“A teoria popular afirma que Sholes teve de replanejar o teclado em resposta a falhas mecânicas nas primeiras máquinas de escrever”, explica. “Se um usuário teclasse rapidamente uma sucessão de letras próximas, a delicada máquina estragaria”. Teoricamente, o modelo seguinte separaria as combinações de letras mais comuns na língua inglesa, como “th” e “he” e “in”. Contudo, há uma falha nessa teoria, já que a combinação “er” (a 4ª mais comum em inglês) está junta no teclado, na primeira linha.

A explosão do QWERTY

“Lá por 1873”, continua Stamp, “a máquina de escrever tinha 43 teclas e um arranjo de letras decididamente contra-intuitivo, que supostamente ajudava a garantir que as máquinas não quebrassem”.

No mesmo ano, Sholes e seus colegas firmaram uma parceria com a empresa Remington, que até então fabricava armas (com o fim da Guerra Civil dos Estados Unidos, a Remington precisava ganhar outros mercados). Anos mais tarde, o sucesso da parceria ficou evidente: nos Estados Unidos, em 1890, havia em uso cerca de 100 mil máquinas de escrever com esse layout de teclado, produzido pela Remington. Três anos mais tarde, ela se juntou a outras empresas do ramo (Caligraph, Yost, Densmore e Smith-Premier) para formar a Union Typewriter Company, que adotou o layout QWERTY.

Uma das explicações pela manutenção desse arranjo de letras, aponta Stamp, estaria no fato de que a Remington, antes de se juntar às outras companhias, oferecia (a um pequeno preço, claro) treinamento para datilógrafos, criando uma dependência maior entre usuários e empresa – algo parecido com o que a Apple faz hoje em dia, dando oficinas em lojas e empresas para ensinar os consumidores a aproveitar melhor seus produtos.

Então, é isso: o sistema provavelmente surgiu para evitar falhas mecânicas e foi adotado como padrão graças a interesses comerciais da Remington?

Talvez não. Em artigo publicado em 2011, pesquisadores da Universidade de Kyoto (Japão) analisaram a evolução dos teclados de máquinas de escrever e concluíram que o modelo surgiu a partir de sugestões e críticas dos profissionais responsáveis por testá-los. Entre essas pessoas, estariam decodificadores/receptores de Código Morse, que precisavam digitar com rapidez.

“A velocidade do receptor deveria ser igual à do emissor (…). Se Sholes realmente organizou o teclado para diminuir a velocidade do operador, este se tornou incapaz de acompanhar o emissor. Não acreditamos que Sholes tivesse uma intenção tão sem sentido durante o desenvolvimento das máquinas de escrever”, explicam os autores.

Seja como for, Sholes continuou criando outros layouts de teclado mesmo depois de ter passado o QWERTY para a Remington – um indício de que mesmo ele não considerava o sistema ideal.

Na década de 1930, foi desenvolvido um grande rival do QWERTY, chamado Dvorak (o nome vem de seu inventor, August Dvorak). Mesmo caindo na preferência de alguns usuários (seu arranjo de letras permitiria que se digitasse mais palavras sem deslocar tanto os dedos em relação à posição “inicial”), já era tarde para tentar tomar o lugar do QWERTY, que hoje continua soberano – mesmo sem a necessidade de digitar devagar para que o equipamento não quebre.

Sistema Dvorack

Sistema Dvorak

Recentemente, um novo layout, chamado KALQ, foi desenvolvido para facilitar a digitação a partir dos polegares (em tablets e smartphones). Será que vai vingar?[Smithsonian, Zinbun]

Sistema KALQ

Sistema KALQ

14 comentários

  • ALFA:

    Para os conspiradores: “Christopher Latham Sholes” tem 23 letras. Abaixo das teclas “23” tem a letra “w”, que possui 2 pontas viradas para baixo e 3 para cima. Além de ser a 23ª letra do alfabeto.

  • Marcílio Domingos:

    vejo muita verdade neste site, mas essa matéria sobre a maquina de escrever não conta a verdade sobre a origem da maquina de escrever, quem inventou foi um brasileiro chamado Padre Vieira, e sua ideia foi roubada pelo americano. Só pesquisar que se acha a verdade!

    • Adriano Neves:

      Francisco João de Azevedo (Paraíba, 1814 — Paraíba, 26 de junho de 1880) foi um padre e inventor brasileiro que ficou conhecido por criar uma máquina de escrever a mão com o auxílio de apenas lixa e canivete. Só que a máquina não teve reconhecimento e o padre com o passar dos anos, ficou esquecido no tempo. Existem suspeitas que o padre foi sabotado por um amigo estrangeiro, que roubou os seus projetos.

  • Chef Kaiser:

    Sou um pesquisador/olho atento para apps de teclado. A mais de um ano me perguntei porque diabos ninguém fez um teclado em ordem alfabética? Pesquisando descobri que um projeto espanhol estudou bastante o caso e chegou a conclusões incríveis. Entre elas destaco: foi descoberto estatisticamente que ao digitarmos um texto, 50% dos toques correspondem a vogais+tecla espaço, essa pesquisa indicou então que o caminho a ser seguido seria um teclado SEMI alfabético onde sobre a tecla de espaço ficariam todas as vogais. O estudo gerou então um app para android (link abaixo). O surgimento dos teclados swipe parece que desanimaram o pessoal e o status do projeto parece estar em pausa. Abaixo deixo o link do site onde tudo esta explicado e tbm o link para o app, já testei o aplicativo porem não existe suporte para língua portuguesa. Guardo o app na dropbox pois sou fan do projeto em si e gostaria de ver um dia esse layout num notebook ou algum teclado externo onde o swipe “ainda’ não chegou. Para quem já esta acostumado ou teve aulas de digitação, reaprender a usar um teclado (físico) desse tipo pode soar estranho mas e quanto aos idosos que cada vez mais são forcados a entrar nesse nosso mundo ‘Happyhourtech’? LINKS: APP: https://play.google.com/store/apps/details… ===== Website projeto (em inglês ou espanhol): http://www.semialphabetic.com/sp.html PS VI A DICA DO TECLADO MICROSOFT ACIMA. Vou tentar configurar meu note usando o layout do projeto espanhol. vou usar sticker de letras para finalizar.

  • Nuno Domingues:

    O texto não está correto! O teclado QWERTY NÃO foi feito pq supostamente ajudava a garantir que as máquinas não quebrassem.

    A função do QWERTY, ou do AZERTY (francês) ou ainda do HCESAR (português) é evitar que os tipos da máquina de escrever encavalassem qdo se escrevia um texto rapidamente! Por isso foram colocadas teclas juntas que raramente eram usadas ao mesmo tempo. Isso evitava que o datilógrafo parasse a digitação com frequência pra soltar os tipos que ficavam colados.
    Isso com o tempo podia até acabar entortando as hastes dos tipos, mas a principal razão era justamente aumentar a velocidade de digitação (e o conforto do datilógrafo, tb).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/AZERTY
    https://pt.wikipedia.org/wiki/HCESAR

    E

    • Nuno Domingues:

      Só completando o raciocínio, cada lingua exige um teclado diferente.
      Ou seja, uma máquina com teclado QWERYT não é a mais adequada pra escrever em português. Da mesma forma, uma com HCESAR não é adequada pra inglês a menos, é claro, que ela seja de margarida ou esfera. Mas isso é coisa relativamente recente, dos anos 60/70 pra cá!

      Felizmente como usamos computadores e não mais máquinas com tipos mecânicos, essa limitação já não existe! 🙂

    • Regis Olivetti:

      Pelo que sei desde criança, é isso mesmo.

    • Dinho01:

      Pelo que me lembro do meu antigo curso de datilografia,você tem razão.

    • Cristiane Oliveira:

      Hum…Agora fez mais sentido, realmente.
      Quando eu era pequena brincava com uma máquina q tinha aqui em casa e “encavalava” as letras todas. Meu pai brigava horrores comigo. rsrs

  • Sérgio Oliveira:

    experimentem colar minhas 3 mensagens num bloco de notas com uma fonte fixa (tipo courier) e vejam os layouts dos 3 teclados, o alfabético, o numérico e o direcional. Todos tem o “.” na 1ª tecla a esquerda na linha inferior. Acionada uma vez ela chama o ponto, 2 vezes seguidas, o teclado numérico, 3 vezes, o posicional e 4 vezes volta para o teclado alfabético. Penso em desenhá-la maior para não usarmos só o dedo mínimo.

  • Sérgio Oliveira:

    AEIOU3
    Quem me poderia implementar esse nosso teclado para telas de toque?
    Como exigência licença de uso não comercial só peço que o teclado não seja chamado ‘aeiou’, mas ‘Freire’, numa merecida homenagem a nosso mais injustiçado educador, o Mestre Paulo Freire.

  • Sérgio Oliveira:

    AEIOU2
    Bs b g l q v y Dc Hx Bn Ot Gr Rd Gd ST SP X PAUSA Y

    \ c h m r w z ( 1 2 3 + – ) F1 F2 F3 seta1 F4 F5 F6

    ! a e i o u ? (+S1)(+S2) seta4 fogo seta2 (-S1)(-S2)

    : d j n s x , $ 7 8 9 * / % F7 F8 F9 seta3 F10 F11 F12

    . f k ( spc ) p t . 000 00 ( 0 ) CL CE . +f +k

  • Sérgio Oliveira:

    AEIOU1
    pressionando “.” 2 vezes seguidas, teclado numérico, 3 vezes teclado direciona, 4 vezes volta para alfabético.
    Bs = Retro; spc = espaço (teclas conjugadas); Dc = Decimal; Hx = Hexa; Ot = Octal; Gr = Graus; Rd = Radianos, Gd = Grados
    CL = Limpa tela; CE = limpa entrada; ST = Start; SP = Stop; Y = close Y = +S = acelera; -s = retarda; +f,+k ( +@ ),+p, e +t funções de game implementadas pelo usuário do teclado.

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