O senso comum é de que o perdão faz bem. A ciência gostaria de discordar. Uma nova pesquisa sugere que, em alguns casos, pode ser melhor dar uma de Elizabeth Edwards, que deixou seu marido traidor John Edwards fora de seu testamento, do que de Hillary Clinton, que perdoou Bill Clinton por seus flertes com uma estagiária da Casa Branca.
Segundo o estudo, ouvir “está tudo bem, querida(o)”, pode ser apenas o combustível que seu parceiro estava esperando para transgredir as regras novamente. Os recém-casados que perdoaram o mau comportamento de seus parceiros eram mais propensos a enfrentar o mesmo comportamento no dia seguinte, em comparação com aqueles que ficaram bravos.
Porém, os pesquisadores alertam que os benefícios ou não do perdão ainda precisam ser pesados contra os riscos. Você pode se sentir melhor se perdoar. Mas a questão é: o que acontece mais tarde?
O perdão pode ter um efeito de longa duração. No estudo, os pesquisadores acompanharam os participantes durante uma semana. Portanto, é provável que os cônjuges não perdoados tenham se comportado melhor apenas em uma tentativa de sair daquela situação naquela semana.
No entanto, em outro estudo, os pesquisadores seguiram casais durante quatro anos e os resultados mostraram um padrão semelhante. Eles mediram, basicamente, a tendência das pessoas de perdoar e as tendências dos parceiros em se envolver em agressões verbais e físicas.
As pessoas que perdoavam mais tinham parceiros que continuavam agindo agressivamente durante os quatro anos. Os pesquisadores também disseram que há uma linha tênue entre o perdão e se tornar um “capacho”.
Segundo eles, os cientistas sociais, teólogos e médicos têm elogiado as virtudes do perdão, muitas vezes sem perceber às suas desvantagens. Não há como manter a ideia simplória de que o perdão é sempre bom.
135 casais heterossexuais recém-casados preencheram diários de relacionamento individuais por uma semana. Os diários incluíam um questionário sobre se o cônjuge da pessoa fez algo para aborrecê-lo, e se eles tinham perdoado a transgressão.
Os pesquisadores analisaram dados de todos os entrevistados que informaram estarem chateados com seus parceiros em um dia e descreveram o comportamento dessa pessoa no dia seguinte.
165 indivíduos (76 homens e 89 mulheres) se encaixaram nesse perfil. Os maridos relataram o mau comportamento de suas mulheres em cerca de 29% dos dias, enquanto as mulheres relataram o mau comportamento de seus maridos em cerca de 34% dos dias.
Em geral, os cônjuges que perdoaram os seus parceiros eram quase duas vezes mais propensos a relatar que seu parceiro se comportou da mesma maneira no dia seguinte. As infrações mais comuns relatadas foram leves, tais como discordâncias, reclamações, ou um dos cônjuges ter falta de consideração com o outro.
Alguns, entretanto, foram mais graves: 9% dos homens e 5% das mulheres relataram abuso psicológico. Um homem relatou uma traição e uma mulher relatou coerção sexual pelo marido.
As descobertas não sugerem que o perdão é sempre ruim, apenas que nem sempre é bom. Há muita variação entre os casais, e o perdão tem maior probabilidade de ser maléfico quando o parceiro transgressor tem uma tendência a abusar da confiança de seu cônjuge. Quando se perdoa, não se dá nenhuma razão para a pessoa parar.
Segundo os especialistas, os casais devem se concentrar na resolução de problemas ao invés do simples perdão. Você não tem que condenar o seu parceiro por um comportamento descuidado. Em vez disso, você pode reconhecer que ambos são seres humanos falíveis, fazer o que é necessário para corrigir os problemas, e depois perdoar uns aos outros. [LiveScience]