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A primeira “árvore genealógica” das aves

Pesquisadores da Universidade de Sheffield (Inglaterra), Universidade Yale (EUA), Universidade da Tasmânia (Austrália) e Universidade Simon Fraser (Canadá) montaram a primeira árvore genealógica das aves.

A árvore foi construída juntando dados de fósseis que se estendem por milhões de anos, DNA, mapas de distribuição das espécies e cálculos, e levou quase cinco anos de análises relacionando cerca de 10.000 espécies de aves existentes hoje.

A partir desta árvore, é possível ver onde o surgimento de novas espécies tem sido maior e como tem ocorrido, um processo conhecido como especiação. A análise mostra que a especiação tem aumentado bastante nos últimos 40 milhões de anos.

Outro dado surpreendente foi que a variação da especiação não acontece com a latitude (distância do equador). Não são as regiões tropicais, ricas em espécies de aves, que têm a maior taxa de especiação. A maior variação acontece com a longitude: o hemisfério ocidental tem mais especiação que o hemisfério oriental.

Estes dados devem também servir para determinar quais aves têm prioridade no desenvolvimento das políticas conservacionistas, para salvar a maior diversidade possível da extinção. Por exemplo, espécies com poucos “parentes próximos” representam uma perda muito maior de diversidade do que espécies cheias de “parentes”, e devem ter prioridade.

O gráfico também apresenta uma “taxa de diversificação”. A taxa de diversificação é maior nas espécies em que o número de especiações e extinções é maior. Espécies mais estáveis têm menor taxa de diversificação. No gráfico, a cor azul representa a menor taxa de diversificação, que aumenta à medida que passa para o verde, o amarelo e termina no laranja, que é a maior taxa de diversificação.

O estudo é extenso, e o relacionamento das espécies não só no tempo, mas também geograficamente, enriqueceu muito a visão sobre a origem e evolução das aves.

Porém, ainda existem alguns problemas não resolvidos pela árvore, causados pelo fato do registro fóssil não ser completo. Como consequência disso, o modelo liga a diversificação das espécies à sua localização atual, em vez da localização em que se originaram, onde o clima e a distribuição de espécies provavelmente era bem diferente. Para mapear os movimentos de espécies do passado, é preciso encontrar mais fósseis.

Mesmo assim, os pesquisadores acreditam que esta árvore familiar vai sobreviver ao teste do tempo. Novos dados podem mudar alguns de seus detalhes, mas não se espera nenhuma alteração radical.[Universidade de Sheffield, Nature]

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