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Primeira pesquisa do gênero explica porque ações valem mais do que palavras

Muito pouco se sabe sobre os processos psicológicos que nos permitem perceber um assaltante em potencial no meio de uma rua movimentada ou detectar um velho amigo aproximando-se em uma sala lotada. Estes juízos de intenção social, que fazemos inúmeras vezes a cada dia, nos permitem responder de maneira apropriada o mundo dinâmico e complexo que nos rodeia.

George Mather, professor de Ciência da Visão da Universidade de Lincoln, Reino Unido, e um dos maiores especialistas sobre a percepção visual humana, vai liderar um novo projeto de pesquisa que investiga os mecanismos por trás dessa habilidade crucial de perceber e interpretar as intenções de outras pessoas e a forma como elas se movem.

Vários experimentos têm explorado a forma como usamos os sinais visuais para extrair o significado do nosso meio ambiente, mas a maioria foi baseada em imagens estáticas, como fotos de diferentes expressões faciais. Outros estudos sobre a percepção das imagens em movimento têm contado com cenas animadas simples, como padrões móveis de linhas regularmente espaçadas ou pontos aleatórios, desprovidas de toda a riqueza e nuances das cenas do “mundo real”.

Nos falta a compreensão científica de como o sistema visual humano faz sentido da onda de movimento que vemos ao nosso redor nas sociedades modernas: por exemplo, se uma pessoa se aproximando de nós está correndo ou passeando, se isso significa que está com raiva ou calma, e como devemos reagir em resposta.

Mather visa tapar esta lacuna na literatura acadêmica através de uma série de experiências. Ele foi premiado com uma bolsa de £ 287.000 (mais de um R$ 1 milhão) do Conselho de Pesquisa Econômica e Social do Reino Unido para um estudo de três anos. O objetivo é lançar uma nova luz sobre o processo pelo qual o sistema visual humano identifica e decodifica “pistas dinâmicas de intenção social”.

“É verdade que as ações falam mais alto que palavras. Percepção do movimento é fundamental para muitas das nossas interações sociais cotidianas, mas simplesmente julgar a velocidade em si é uma tarefa muito complexa. Quando você vê alguém atravessando o campo de visão, como você sabe o quão rápido ele está indo? Essa informação pode ser muito útil, pois pode dizer algo sobre as suas intenções. Mas é surpreendentemente difícil fazer uma avaliação precisa. Um problema básico é que, quanto mais distante um objeto em movimento está, mais lento ele se move na imagem recebida pelo olho. Nós realmente não entendemos o momento em que o sistema visual humano é capaz de compensar as diferentes condições de visualização”, disse.

Percepção do movimento tem sido um tema constante da carreira de investigação do professor Mather. Em estudos anteriores, ele mostrou que o cérebro pode deduzir informações socialmente significativas de representações muito simples de movimento humano, tais como conjuntos de pontos que denotam as principais articulações do corpo.

A pesquisa neste último projeto vai responder à perguntas fundamentais sobre como o cérebro combina informações de “baixo nível” sobre o movimento de imagem com o conhecimento “alto nível” do mundo social para fazer avaliações significativas da velocidade e natureza dos movimentos humanos. [MedicalXpress]

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