Os funcionários da usina nuclear atingida pelo terremoto japonês estavam bombeando água contaminada para o oceano, ação que deve ter parado no último sábado. Agora que essa liberação de substâncias radioativas chegou ao fim, a dúvida que fica é: que impacto ou efeitos ecológicos essa radioatividade terá no meio ambiente?
Segundo os especialistas, a contaminação é provavelmente uma mera gota no oceano. Deixando de lado o trocadilho bobo, a questão é que as concentrações de iodo-131 e césio-137 (o conteúdo radioativo dos reatores nucleares) podem até ser altas, mas a capacidade de diluição do oceano é maior ainda. Além disso, as concentrações de radioatividade diminuem com a distância da fonte.
Os cientistas afirmam que os contaminantes se dispersam rapidamente, e depositam-se no fundo do mar. Como resultado, a concentração de água do mar a 30 quilômetros da usina nuclear é comparável aos níveis sugeridos como valores de referência, abaixo dos quais não há nenhuma preocupação sobre os efeitos na natureza.
Substâncias radioativas como o urânio estão naturalmente presentes no oceano. O impacto ecológico será, portanto, de alcance limitado. Os efeitos ecológicos devem ser localizados perto dos pontos de descarga.
Mesmo nas proximidades da usina, a água do mar provavelmente protegeu a vida marinha da nocividade da radioatividade. As concentrações minerais relativamente altas (de iodo, potássio e cálcio) na água do mar tendem a reduzir a concentração de césio-137, iodo-131 e estrôncio-90 drasticamente, em comparação aos sistemas de água doce.
Os dados a partir de amostras da água no mar da região indicam que os níveis de radioatividade precisariam ser “ordens de magnitude maiores” para produzir doses perigosas aos peixes locais.
Além disso, qualquer peixe mutante que nascer provavelmente morrerá rapidamente. Efeitos genéticos podem ocorrer como resultado dos lançamentos de radioatividade na água, mas parece improvável que eles serão observados graças à seleção natural de indivíduos em um ambiente tão enorme e aberto.
Para não ser de todo otimista, níveis de césio-137, em especial, e possivelmente de iodo-131, em peixes, moluscos e algas podem exceder as diretrizes para o consumo humano por mais algumas semanas.
Mesmo assim, o consumo representa perigo mínimo. Segundo os especialistas, ninguém consegue consumir sushi suficiente para obter os danos da radiação.
Os efeitos ecológicos locais tendem a ser temporários, devido ao vasto ecossistema marinho e sua capacidade de recolonizar áreas locais. Um exemplo é o ecossistema do Atol de Bikini, que foi severamente danificado por radiação graças a 20 testes nucleares realizados lá no final dos anos 1940 e 1950. O lugar se recuperou significativamente dentro de uma década, e agora é uma área de mergulho espetacular; não só a vida marinha lá é próspera, como segura para comer. [LifesLittleMysteries]