Embora as autoridades ainda não tenham certeza, cada vez mais a evidência sugere que o vírus da Zika está relacionado com um distúrbio do desenvolvimento raro.
Aqui no Brasil, país mais atingido pela epidemia, quase 4.000 bebês nasceram com cabeças anormalmente pequenas desde que as investigações começaram em outubro, um aumento de 2.500% em comparação com 2014, que viu 150 casos.
Microcefalia
A condição, conhecida como microcefalia, é muitas vezes resultado do cérebro ser subdesenvolvido e menor do que o normal. Os sintomas variam de leves problemas de visão e audição até deficiência mental grave ou, no pior dos cenários, morte. Mulheres infectadas às vezes sofrem abortos naturais.
O que causa esse defeito de nascimento ainda não está claro. O vírus que causa a rubéola já foi um suspeito, mas o Zika é a possibilidade mais preocupante.
A ligação entre o vírus e a microcefalia não foi definitivamente comprovada, mas, na ausência de outras sugestões e do aumento chocante de casos no Brasil, combinado com diagnósticos positivos do Zika em alguns afetados, essa é a melhor explicação para o surto.
Necessidade de vacina
A maioria dos indivíduos infectados nem sequer adoecem. Logo, a ausência de uma vacina ou tratamento significa que a atual epidemia é particularmente preocupante para mulheres grávidas.
No momento, alguns países, como o Brasil, estão recomendando que as mulheres evitem engravidar, o que certamente não é uma solução a longo prazo.
As autoridades brasileiras têm investido no desenvolvimento de uma vacina, mas enquanto isso as pessoas devem se concentrar em estratégias de prevenção simples. O Zika Vírus é transmitido pelo mesmo inseto que espalha a dengue, o Aedes aegypti. Este mosquito pica principalmente durante o dia, assim é interessante usar repelentes e remover poças de água parada nas proximidades, que servem como criadouros.
Para eliminar o inseto, partes do país já têm criado estratégias diferentes, como o uso de mosquitos geneticamente modificados. Na cidade paulista de Piracicaba, por exemplo, uma queda de 82% nas larvas do Aedes aegypti foi observada em nove meses. Os insetos modificados contêm um gene que faz a prole morrer antes de atingir a idade reprodutiva, uma alternativa ecológica aos pesticidas.
Se espalhando pelo mundo
Enquanto o Brasil foi o local mais duramente atingido pelo Zika, outros países também estão sofrendo com o vírus.
A Colômbia, por exemplo, tem mais de 13.500 pessoas infectadas. Estranhamente, no entanto, até agora não houve casos de microcefalia documentados no país, apesar do fato de que há 560 mulheres grávidas entre os infectados.
Fora da América Latina, EUA, Reino Unido, Espanha, Portugal e Israel também notificaram casos do vírus, todos de pessoas que tinham viajado para países afetados pelo Zika. [IFLS, FolhaSP]