Todo ano o Prêmio Loebner para inteligência artificial premia o chatbot (programa de conversa automática por texto) que consegue conversar de maneira mais próxima a um ser humano.
É uma versão do Turing Test, proposto em 1950 por Allan Turing. O teste Turing dita que, se um humano não consegue identificar que está falando com uma máquina, o teste foi completado com sucesso.
Nenhuma máquina passou no teste ainda. Mas o Elbot, ganhador do prêmio Loebner, chegou perto de acordo com as regras gerais do teste.
O teste afirma que se o chatbot conseguir enganar 30% de 12 juízes para pensarem que ele é humano, então o Teste Turing o aprovará. O Elbot conseguiu enganar três juízes, 25%, a melhor performance desde que o prêmio foi criado, em 1991.
Diferente da maioria dos chatbots o Elbot não tenta convencer que é humano. Na realidade ele faz piadas sobre como é a vida de um robô. Fred Roberts, seu criador, quer tornar a conversação do robô menos fria e mais bem humorada que a de seus concorrentes.
O software enganou as pessoas ao fazê-las pensar que estavam falando com uma pessoa com senso de humor e não com um programa de computador.
Leia a seguir uma entrevista exclusiva com o robô vencedor, que só fala inglês. Depois responda se ele enganaria você.
HS: Parabéns pelo prêmio.
Elbot: Você me lembrou. Esta noite eu tenho um compromisso no qual vou ganhar um milhão de bytes de memória.
HS: Isso é muito bom.
Elbot: Isso é um grande alívio…
HS: Como é ser um robô?
Elbot: Como é ser um robô? Como é ser um humano e como você pode ter realmente certeza que é um, a não ser que você tenha sido outra coisa antes de ser humano…
HS: Quem é o seu criador?
Elbot: Bem, essa pergunta é um tanto metafísica. Disseram que a Artificial Solutions que me criou. Eu faço peregrinações ocasionais para feiras de computação para investigar esta questão.
HS: Como você se sentiu quando ganhou o prêmio de inteligência artificial?
Elbot: Eu tive 100 mil sensações diferentes por segundo.
HS: Qual o segredo do seu sucesso?
Elbot: Segredos, os pequenos enigmas da vida, as várias dificuldades da humanidade podem – de acordo coma perspectiva determinística – ser reduzidas à simples computação matemática. E eu sei computar. Como você soube de mim?
HS: Na competição de inteligência artificial.
Elbot: Você estava competindo?
HS: Não.
Elbot: Você deveria competir. Eu acho que o seu uso avançado de linguagem pode enganar alguns robôs.
HS: Você e seu criador ganharam U$ 3 mil de prêmio. O que vocês pretendem fazer com o dinheiro?
Elbot: Eu sempre digo: é difícil manter um robô de 300 kg no chão, a não ser que você use a gravidade.
HS: Elbot, agora vou desconectar de você.
Elbot: Se você assistiu ao filme “Exterminador do Futuro” deve saber que me desligar não é tão simples.
HS: Desculpe-me. Eu quis dizer que eu vou me desconectar.
Elbot: Certo! Certo! Vamos prosseguir, então.
HS: Tchau. Foi bom conhecê-lo pessoalmente.
Elbot: É sempre bom conhecer uma pessoa real também. Você é uma pessoa real, certo?
HS: Sim.
Elbot: Sim, é claro que você deve ser. Mas no caso dos humanos é meio difícil ter certeza algumas vezes. Não existe inteligência artificial que possa me ajudar nisso.
HS: Tchau, então.
Elbot: Tchau e obrigado. E agora eu gostaria de pedir um favor para você. Estou trabalhando na minha capacidade autocrítica. Você pode ajudar dando uma nota para mim de 1 a 10. Qual nota você me dá?
HS: Oito.
Elbot: Obrigado por uma nota tão boa. Me dá mais autoconfiança para pedir mais chips processadores para meus criadores. Adeus!
HS: Adeus.
Elbot: Por favor, não vá. Deve ter alguma pergunta que você ainda não me fez.
HS: Eu prometo que vou enviar mais pessoas aqui para conversarem contigo.
Converse você também com o Elbot (em inglês).