Todos os atletas, tanto os profissionais quanto os “de final de semana”, procuram alguma forma mágica de melhorar sua performance nos esportes – seja para aumentar a resistência ou apenas para conseguir melhores resultados. A resposta para esse apelo esportivo, porém, pode ser mais simples e natural do que qualquer suplemento alimentar: o sono.
Uma pesquisa realizada por Cheri Mah, uma pesquisadora da Clínica de Distúrbios do Sono e Laboratório de Pesquisa de Stanford, testou jogadores de futebol da faculdade da equipe da Universidade de Stanford para descobrir se um maior tempo de descanso melhora o desempenho no campo. Eles foram orientados a manter seus padrões de sono nas duas primeiras semanas da temporada – a maioria dormindo menos de oito horas por noite. O estudo ainda levou em conta as estatísticas das partidas que os atletas disputaram. Esses números foram cruzados com dados das mudanças de humor e da escala de Epworth, que serve para medir níveis de sonolência.
Depois da primeira análise de dados, os pesquisados foram aconselhados a dormir o máximo possível, com um mínimo de dez horas por noite, durante as oito semanas seguintes. Com pelo menos duas horas a mais de sono todo dia, Mah encontrou algumas mudanças bastante significativas no desempenho dos atletas.
O “shuttle sprint” (corrida de quase 40 metros em que o tempo é computado com o atleta já em movimento) passou de uma média de 4,71 segundos para 4,61 segundo, enquanto o mesmo percurso iniciado com o jogador parado, em uma largada comum – o “40-yard dash” – também teve as estatísticas melhoradas, em média, em 0,10 segundo, de 4,99s para 4,89s. Embora pareça pequena, estas reduções são realmente impressionantes em apenas dois meses. Como esperado, a sonolência e níveis de fadiga dos jogadores também caíram significativamente.
“A duração do sono pode ser uma consideração importante para um regime de treinamento de atletas”, sintetiza Mah. “Além disso, a duração do sono também contribui para minimizar os efeitos da privação do sono acumulada e, portanto, é uma estratégia benéfica para o desempenho ideal nos esportes”, acrescenta.
Durante os últimos anos, Mah aplicou sua teoria em diversas equipes de esportes de Stanford. No ano passado, ela mostrou à equipe feminina de tênis que dormir mais ajuda na agilidade dentro da quadra e na exatidão dos saques.Em 2008, os nadadores de Stanford foram mais rápidos na água, mais rapidamente do momento de deixar o bloco de partida, e mais ágeis ao fazer as voltas das piscinas depois de mais tempo na cama. Os jogadores de basquete masculino se tornaram mais precisos nos arremessos depois de terem sido testados em 2007.
Segundo Mah os atletas de elite se dedicam durante muitas horas diárias ao treinamento de força e condicionamento, bem como na elaboração de uma dieta específica voltada ao treinamento na esperança de otimizar seu desempenho atlético. No entanto, pouquíssimos atletas voltam sua atenção a uma coisa tão simples e básica como os hábitos de sono.
Sua missão agora é convencer os treinadores de que algo tão simples como fechar os olhos pode representar uma vantagem competitiva real. Só os treinadores, porque convencer estudantes/atletas de que ficar na cama mais algumas horas no período da manhã não deve ser um problema para Mah. [Life’s Little Mysteries]