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Raios UV causam mudanças climáticas “por conta própria”

Meteorologistas do Reino Unido perceberam que a temperatura em certas partes do mundo tem mudado sem causa aparente. São pontos do planeta, incluindo a própria Inglaterra, onde está fazendo um frio anormal nos invernos, e os cientistas garantem que isso não tem nada a ver com o aquecimento global. A origem, segundo o departamento de meteorologia britânico, está em um fator até então ignorado: a radiação ultravioleta.

Os cientistas afirmam que esse é o tipo de influência climática “independente”: o modo como os raios UV alteram a temperatura de certos lugares não depende de nenhum outro fator. Da mesma maneira, nenhuma condição ambiental determina a ação dos raios UV nesse quesito.

Além disso, não é um efeito estático no planeta; é como uma corrente em movimento, o que explica o fato de não haver nenhum padrão na zona de alteração do clima. Nos últimos anos, o inverno foi anormalmente rigoroso na Grã-Bretanha, no norte da Europa e em algumas partes dos Estados Unidos. Por outro lado, foi muito mais ameno no Mar Mediterrâneo, que fica mais próximo da Linha do Equador, mas também no Canadá e na Groenlândia, onde o frio deveria ser ainda maior.

Mas só recentemente os cientistas conseguem explicar porque os raios UV influenciam no clima. O que acontece, em linhas gerais, é que a radiação ultravioleta que o sol emite aumenta e diminui de intensidade conforme um ciclo de onze anos de duração (no começo do ciclo ela está no ponto máximo, decai até certo patamar e sobe novamente, até alcançar o mesmo pico onze anos depois).

A radiação UV, como se aprende na escola, é absorvida já na estratosfera (que fica acima da atmosfera), graças à camada de ozônio. Os buracos desta, aliás, representam uma das principais preocupações dos ambientalistas no século XXI. Quando a radiação UV está no período de baixa intensidade, conforme o ciclo de onze anos, a estratosfera absorve menos, e fica mais fria dessa maneira.

Com a estratosfera mais fria, altera-se a circulação de ar na região. Esse efeito passa então para a atmosfera, onde muda a velocidade do vento. As correntes de ar, essas sim, desempenham um papel direto no clima global. Nesse caso, há menos vento migrando de oeste para leste na Terra, o que deixa o norte da Europa mais frio. Logo, existe uma influência indireta (mas considerável) dos raios UV sobre o clima.

Esse esquema, como explicam os cientistas, é apenas uma teoria, mas dotada de uma forte fundamentação. Os estudos foram munidos de dados do satélite SORCE, lançado pela NASA em 2003. O artefato espacial se dedica a pesquisar o ciclo de onze anos da radiação UV sobre a estratosfera, e a pesquisa aconteceu a partir dessas observações.

Assumindo que a teoria esteja correta, a intensidade da radiação UV está em seu menor ponto nesse momento. A tendência é que ela cresça a partir de agora, e que os invernos nessas áreas fiquem mais amenos. Mas isso pode não acontecer, como explicam os cientistas, porque existem muitas outras variáveis em jogo. [BBC]

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