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Realeza egípcia pode ter usado armas em batalhas e execuções

Segundo uma nova pesquisa, membros da elite do antigo Egito, incluindo o próprio faraó, provavelmente usavam punhais, espadas e machados em batalhas, ou para executar pessoalmente prisioneiros, e não para fins cerimoniais.

O estudo conclui que as armas foram utilizadas durante a Idade do Bronze, um período entre 5.000 e 3.000 anos atrás, quando a civilização estava em seu auge.

A descoberta é “estranha”, considerando a quantidade de literatura até o momento que afirma basicamente que todas as armas eram para fins ritualísticos e nunca foram usadas em batalha.

Historicamente, a realeza é conhecida por batalhar. Por exemplo, o príncipe Andrew, durante a Guerra das Malvinas, e o príncipe Harry, no Afeganistão, serviram as tropas britânicas. “Não vejo nenhuma razão para que eles não tenham feito isso também, quatro ou cinco mil anos atrás”, diz o egiptólogo Daniel Boatright.

No entanto, Daniel adverte que não se pode excluir a ideia de que as armas foram usadas para sacrifícios de animais.

O pesquisador analisou 125 armas da Idade do Bronze no Egito, incluindo punhais, espadas, pontas de flechas, machados e lanças. Também analisou relatórios sobre 350 armas adicionais desse período.

Muitos dos artefatos tinham sido roubados de túmulos e sítios arqueológicos mais de 100 anos atrás, e acabaram sendo adquiridas por museus ou colecionadores no século 19 ou início do 20.

Há muito pouca evidência para sugerir que elas pertenciam necessariamente a cidadãos médios. “Algumas delas foram associadas a túmulos na acrópole de Tebas, ligada ao Vale dos Reis”, explica Daniel.

Ele usou a microscopia e outras técnicas laboratoriais para procurar evidências de como as armas foram usadas. “A maioria delas parece ser feita para uso. Poucas parecem ter qualquer contexto ornamental ou puramente ritualístico”, completa.

Não só as armas poderiam muito bem ter sido usadas em batalha, como cerca de metade delas mostra evidências de desgaste, sugerindo que foram realmente utilizadas. Algumas, como um machado com um dente, trazem evidências óbvias, enquanto outras são mais sutis, como pequenos cortes na borda de uma lâmina.

Isso sugere que os membros da elite egípcia podem ter ido para a batalha ou executado prisioneiros pessoalmente.

Um artefato interessante estudado por Daniel foi um punhal de bronze que os arqueólogos acreditam que pode ter pertencido a Kamose. Esse punhal foi possivelmente usado para vingar a morte de seu pai, o Faraó Seqenenre Tao II.

A múmia foi descoberta pelo egiptólogo Gaston Maspero, em 1886. Após retirar a múmia, ele descobriu que o faraó tinha morrido devido a ferimentos múltiplos causados por machado. Maspero relatou: “Não se sabe se ele morreu no campo de batalha ou foi vítima de algum assassinato. A aparência de sua múmia prova que ele morreu de morte violenta, com cerca de 40 anos de idade. Dois ou três homens, sejam assassinos ou soldados, devem ter o cercado e o matado antes que qualquer ajuda ficasse disponível”.

Seqenenre Tao II viveu há 3.500 anos, época em grande parte do Egito era controlada pelos Hicsos, um povo da Ásia que finalmente matou Tao. O filho do faraó morto, Kamose, assumiu sua causa, fazendo campanha contra eles.

A faca encontrada lembra mais uma espada, e tem sinais de uso. Dada a violência do período em que Kamose viveu, Daniel acredita que é possível que Kamose tenha utilizado o punhal contra outra pessoa, possivelmente para vingar a morte de seu pai.[LiveScience]

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