A reciclagem na Suécia é tão revolucionária que eles estão ficando sem lixo

Por , em 21.11.2016

A Suécia está na liderança na gestão de resíduos sólidos urbanos, e dá exemplo ao resto do mundo. O país nórdico recicla 1,5 bilhão de garrafas e latas anualmente, uma quantidade impressionante para uma população de 9,3 milhões de pessoas. Os suecos produzem apenas 461 kg de lixo por ano (a média europeia é de 525 kg), e menos de 1% dessa quantidade acaba em aterros sanitários.

Essa ênfase na sustentabilidade, porém, tem trazido um problema para a produção de eletricidade do país. O lixo queimado em 32 instalações de incineração de resíduos produz energia elétrica e aquece casas no país. Se as usinas têm menos combustível, o país tem menos energia.

Este programa se chama resíduo-para-energia, e funciona da seguinte forma: fornalhas são carregadas com lixo, que é queimado a temperaturas entre 850 a 1000 °C, produzindo vapor. Este gás é usado para mover turbinas geradoras de eletricidade, que é transferida para a rede de energia elétrica.

Com este método, o país consegue reduzir toxinas que em aterros sanitários contaminariam o solo. “Quando o lixo fica em aterros, ele produz gás metano e outros gases do efeito estufa, e isso obviamente não é bom para o meio ambiente”, explica a diretora de comunicação da Administração de Resíduos da Suécia, Anna-Carin Gripwell.

Participação da população

Antes de ser incinerado, o lixo é separado pelos donos das casas e dos estabelecimentos comerciais das cidades. Resíduos que podem ser reciclados são separados e levados pelos cidadãos aos centros de coleta, que não ficam a mais de 300m das residências. Tudo o que pode ser consertado ou reaproveitado é levado para centros de reciclagem nos bairros distantes do centro das cidades.

A coleta de lixo no país é uma das mais rigorosas do mundo. Se o lixo orgânico não estiver de acordo com as especificações fornecidas pelo governo, ele não é recolhido. O contribuinte paga taxa de recolhimento do lixo proporcional à quantidade gerada, por isso os cidadãos controlam sua própria geração de lixo.

Assim, a quantidade levada às usinas, cerca de 50% do lixo produzido pelos suecos, é insuficiente para o pleno funcionamento das instalações, obrigando o país a importar 700 mil toneladas de lixo de locais como Reino Unido, Noruega, Irlanda e até Itália para garantir que a energia elétrica continue sendo gerada.

Lixo vira energia e cinzas

usina queima de lixo suecia
As cinzas restantes da incineração têm apenas 15% do peso que tinham antes do lixo ser queimado. Até as cinzas são recicladas. Os metais são retirados e reciclados, e o restante, como porcelana e azulejo, que não queimam, é peneirado para ser utilizado na pavimentação de estradas. Apenas 1% das cinzas não tem destino útil e é descartada em depósitos de lixo.

A fumaça da incineração consiste de 99,9% de água e dióxido de carbono não-tóxico, que é filtrada com água e filtros secos. Os filtros secos são colocados em depósitos de lixo, e a água suja é usada para encher minas abandonadas.

Não jogue fora, conserte

bicicleta quebrada
O país incentiva que seus cidadãos tentem consertar objetos ao invés de substitui-los. “Os consumidores estão mostrando que querem fazer a diferença e o que estamos fazendo como governo é ajudá-los a agir, tornando mais fácil viver de forma sustentável”, diz Per Bolund, Ministro do Consumo e Finanças do país.

Objetos que normalmente acabariam no lixo, como roupas, sapatos e bicicletas, são consertados. Isso cria empregos nessas áreas. Há espaço no mercado de trabalho para pessoas que consertam coisas. Essas são atividades que podem ser intelectualmente estimulantes mas que não exigem um nível muito alto de educação, permitindo que as pessoas comecem a trabalhar em alguns meses ao invés de anos.

[Sweden.se, DW, Buzzworthy]

22 comentários

  • Bruno Brito:

    Não sei onde está o problema… Se falta lixo lá, no mundo inteiro está sobrando. Eis a solução.

  • Evandro Rigolão:

    Como é que a Suécia recicla 1,5 bilhão de garrafas e latas, se eles produzem apenas 461 kg de lixo por ano ?

    • Carmen Vasco:

      Per capita, por ano. Entendeu?

    • Paulo Moreira Gonçalves:

      Qual parte do importa lixo vc não entendeu ?

    • Odair Fernando Ais Da Silva Barbosa:

      Acredito que seja 461 kg por familia no ano.

    • Santiago de Sousa:

      É que eles tb importam lixo de outras nações !!

    • Marcia Caetano:

      Evandro Rigolão vc não leu a reportagem? Eles IMPORTAM lixo de diversos lugares. Entendeu agora?

    • feela:

      Af! N to conseguindo comentar

    • Rosemary Reuter:

      Está no artigo: eles importam 700 m toneladas de outros países (Reino Unido… e até Itália)

    • YahooUser10:

      Por pessoa, amigo, por pessoa.

    • Alysson Troguer:

      mano…
      461 KG de lixo por pessoa

    • Carlos Sardinha:

      461 kg de lixo por ano é o valor per capta Evandro!

  • Júnior Fonseca:

    O ditador de Angola, José Eduardo dos Santos, que o diga. Bem como sua filha, Isabel dos Santos, considerada a mulher mais rica da África.

  • Jair Ferreira:

    Se nao tivese ido e somente lido aqui, jamais acreditaria. Que pais lindo. Pena que tenho certeza que nao chegaremos la antes de dez seculos

  • César Gomes Cardoso:

    Muito lindo! Mas não tem como usarem energia eólica ?

    • Welerson Pawlak:

      O principal objetivo não é produção de energia. A produção de energia vem do lixo que tem como ser reciclado e precisa ser incinerado.

  • Lucia Dantas:

    Dióxido de carbono não tóxico…? nunca ouvi tal expressão…e os gases da incineração consistem apenas em CO2 e vapor de água?..lol

    • Rafael Duarte:

      de fato, eu tambem estranhei

  • Paulo Roberto Steindoff:

    Monarquias… sempre humilhando as repúblicas

    • Sérgio Galdino de Barros:

      Boa! inclusive as ditaduras, onde é impossível subornar um rei ou ditador, mas muito fácil subornar um senador ou deputado.

    • Cesar Grossmann:

      Não é possível subornar um rei ou ditador? Vai sonhando…

    • Leandro Duarte:

      É uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar de governo e um monarca com funções unicamente representativa

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