Uma série de registros climáticos relacionados à temperatura, calor dos oceanos e gelo marinho antártico têm preocupado alguns cientistas devido à velocidade e ao momento sem precedentes, sobretudo porque a escalada nos eventos tem sido muito marcante e sentida na pele por todos em todo o mundo.
As Nações Unidas alertam que ondas de calor perigosas na Europa, agora em pleno verão, poderiam quebrar mais recordes.
Vincular esses eventos diretamente às mudanças climáticas é desafiador devido à complexidade dos padrões climáticos e da dinâmica oceânica.
Embora estudos estejam em andamento para entender melhor a situação, alguns cientistas já estão preocupados que cenários climáticos pessimistas possam estar se desenrolando.
O geógrafo ambiental Thomas Smith da London School of Economics afirma que não houve um período similar em que todos os aspectos do sistema climático tenham vivenciado condições de quebra de recordes ou anormais.
A Terra está enfrentando um território desconhecido devido ao aquecimento global causado pela queima de combustíveis fósseis e à influência do primeiro El Niño desde 2018, segundo o Dr. Paulo Ceppi do Imperial College London.
Vários registros climáticos foram quebrados durante este verão no hemisfério norte: o dia mais quente já registrado, o junho mais quente globalmente, ondas de calor marinho extremas e a mínima recorde de gelo marinho na Antártica. Esses eventos têm implicações significativas.
O mundo testemunhou sua maior temperatura já registrada em julho, ultrapassando o recorde anterior de temperatura média global estabelecido em 2016. A temperatura média global ultrapassou 17°C pela primeira vez, atingindo 17,08°C em 6 de julho, conforme relatado pelo serviço de monitoramento climático da UE, Copernicus. Essa tendência de aquecimento é atribuída principalmente às contínuas emissões de gases de efeito estufa provenientes da queima de combustíveis fósseis.
A cientista climática Dra. Friederike Otto, também do Imperial College London, enfatiza que os seres humanos são totalmente responsáveis pela tendência de aumento das temperaturas.
A temporada de verão no hemisfério norte, de 2023, parece estar quebrando recordes mais cedo do que o esperado. O El Niño, uma flutuação climática natural, é responsável por aumentar as temperaturas globais do ar e seu impacto é normalmente observado cerca de cinco a seis meses após o início da fase. No entanto, a situação atual parece ser diferente.
A temperatura média global dos oceanos durante maio, junho e julho bateu recordes, com o Atlântico Norte experimentando um calor extremo que preocupa os cientistas, especialmente devido ao seu impacto nos ecossistemas marinhos e na produção de oxigênio.
O gelo marinho na Antártica atingiu níveis recordes de baixa para julho, com uma área cerca de 10 vezes maior que o Reino Unido faltando em comparação com a média de 1981 a 2010. Embora tenha sido previsto que um mundo mais quente poderia reduzir o gelo marinho antártico, o declínio rápido está intrigando os cientistas. O elo exato com as mudanças climáticas ainda é incerto, e o ritmo das mudanças está gerando alarme.
Apesar desses eventos sem precedentes, os cientistas alertam contra rotulá-los como um “colapso climático” ou “aquecimento descontrolado”. A situação marca uma nova era, mas ainda há oportunidade de garantir um futuro viável se medidas rápidas forem tomadas. [BBC]