Roncar na infância pode levar a problemas comportamentais mais tarde

Por , em 4.09.2012

Um novo estudo do hospital Cincinnati Children’s Hospital Medical Center (EUA) descobriu que crianças que roncam muito durante a primeira infância podem ser mais propensas a ter problemas comportamentais como agressividade e hiperatividade.

249 pares de mãe e filho participaram do estudo. Os pesquisadores acompanharam as crianças desde a gravidez até os 3 anos de idade, com entrevistas regulares com as mães por telefone e reunião presencial com as crianças todos os anos.

Os resultados mostraram que as crianças que roncavam com 2 e 3 anos de idade eram quase 3,5 vezes mais propensas a ter sinais de problemas de comportamento (35%) do que as que não roncavam (10%) ou que só roncaram durante um desses anos (12%).

Essa não é a primeira vez que a ligação entre ronco na infância e problemas comportamentais é apontada. Em março desse ano, um estudo britânico com 11 mil participantes concluiu que crianças que roncam durante os primeiros anos de vida tendem a ter uma infância mais indisciplinada e “problemática”.

Qual a relação entre as duas coisas?

Ao contrário de um desenho animado, em que roncar é sinal de dormir, a pessoa que ronca na vida real não está tendo uma boa noite de sono.

Isso porque roncar significa dificuldade para respirar durante o sono. Essa dificuldade pode ser o resultado de várias coisas, como um resfriado, uma alergia, ou uma glândula aumentada. Em todos os casos, o ronco causa problemas ao perturbar o sono, restringindo o oxigênio e exigindo mais esforço para respirar.

Se o ronco for passageiro (resultado de um resfriado, por exemplo), não causa problemas. Mas se for persistente, vai afetar o humor e o cérebro de uma criança.

As crianças que não dormem bem o suficiente ficam mal humoradas, e não tão calmas como as outras crianças. Isso pode deixá-las mais propensas a ter problemas de comportamento.

Já do ponto de vista neurológico, a falta de sono apropriado pode inibir o desenvolvimento de vias entre os neurônios no cérebro. O cérebro infantil está constantemente reforçando ou enfraquecendo ligações, então uma noite bem dormida é essencial.

Os cientistas disseram que os pais normalmente não veem o ronco como um problema na criança, e sim como sinal de que ela está dormindo. Então, o alerta é para prestar atenção nos filhos à noite, e, se eles roncarem, procurar identificar de onde vem o ronco. Se for de um problema de saúde subjacente, é só tratá-lo que o comportamento deve desaparecer.

Mais descobertas

Uma outra descoberta da pesquisa foi que as crianças eram mais propensas a roncar se não foram amamentadas quando bebês, ou se eram de uma classe socioeconômica baixa.

Crianças de nível socioeconômico mais baixo encaram fatores de risco como pior qualidade do ar e má nutrição, o que pode tornar mais difícil para elas dormir profundamente.

Já a amamentação (mais difícil para a criança do que beber de uma garrafa) pode remodelar a via aérea do bebê, reduzindo as chances de ronco. Além disso, o leite materno aumenta a imunidade da criança, e menos doença também pode significar menos ronco. A ligação que ocorre entre mãe e filho durante a amamentação também pode servir para diminuir chances de problemas de comportamento.[LiveScience, MSN]