Se a escolha entre ser gordo ou magro fosse uma decisão simples e consciente, certamente a maioria de nós escolheria ser magro – pelo menos na maior parte da nossa sociedade ocidental. No entanto, novas pesquisas sugerem que a discriminação e o preconceito enfrentado pelas pessoas com excesso de peso, especialmente as mulheres, são movidos pela ideia de que a gordura corporal é algo opcional.
Em um artigo escrito pela pesquisadora Christine Smith na publicação Sex Roles, Smith faz uma análise de estudos feitos nas últimas duas décadas. Pesquisas anteriores mostraram que as mulheres acima do peso tendem a ter menos encontros, se casam com menos frequência e ganham salários mais baixos do que as mulheres magras.
No entanto, mulheres magras mas que não são atraentes, sofrem igualmente com problemas econômicos e sociais. Tem sido um desafio para os pesquisadores determinar se o preconceito contra as mulheres gordas é originado apenas devido ao peso ou é a atração geral que diminui associada aos quilinhos extras.
Embora os homens e mulheres acima do peso sofram preconceito, ele parece ser pior com as mulheres. Elas são julgadas mais severamente por não cumprirem as “normas de atração” impostas pela sociedade. Parece que a beleza – e não a gordura – está causando o preconceito. A opinião inconsciente é de que as mulheres obesas poderiam ser atraentes, mas falta o controle para elas emagrecerem e se tornarem “bonitas” de acordo com o padrão normalmente imposto, disse a pesquisadora Smith.
Chris Crandall, professor de psicologia na Universidade de Kansas, não está surpreso com os resultados do estudo. “Isso é muito consistente com o trabalho que eu fiz, e com o trabalho de muitos outros. A crença de que o peso pode ser facilmente controlado é o que desencadeia o preconceito”, fala.
E por que a ideia de que a gordura pode ser controlada causa tanto prejuízo às pessoas acima do peso? Entre um monte de estigmas criados sobre pessoas gordas, a ideia de que elas não têm controle sobre os seus corpos é extrapolado para outras áreas da vida, de acordo com os pesquisadores.
Apesar de algumas pessoas terem mais tempo para cuidarem de seu peso do que outras, empregadores podem ver pessoas gordas como fora de controle. “E quem quer um empregado fora de controle? Eles podem os ver como preguiçosos”, afirma Smith.
Pessoas acima do peso também podem involuntariamente ser vistas como rebeldes. “Vamos dizer que você aceita a si mesmo como uma pessoa gorda. Você está violando as normas culturais”, disse Smith. “Se as pessoas estão confiantes em seu desvio, isso pode soar muito ameaçador”.
Magreza é um ideal de beleza confuso. Em outros momentos e em culturas, ser gordo é um sinal de riqueza. Mas como um ideal de saúde, a magreza é intuitiva, porque a obesidade está ligada a uma variedade de problemas de saúde.
Embora os perigos da obesidade pareçam maiores do que nunca, ser magro também não é sinal de saúde. “A saúde está ligada a pressão arterial, glicemia, frequência cardíaca, a capacidade de subir escadas. Medidas que são frequentemente, mas nem sempre ligadas à gordura corporal. Estudos descobriram que é melhor ser gordo e saudável do que magro e sem saúde”, disse Smith.
Mesmo assim, pesquisas anteriores mostraram que mulheres obesas que são metabolicamente saudáveis, com níveis saudáveis de colesterol, açúcar no sangue e pressão arterial ainda podem melhorar a saúde geral perdendo alguns quilos.
“Precisamos ampliar nossa ideia do que é belo”, disse a pesquisadora. “As pessoas estão sofrendo porque temos um padrão que é inatingível pela maioria de nós”.[LiveScience]