Quem pesquisa um pouco sobre veículos espaciais logo descobre que os satélites, assim como os foguetes ou qualquer aparelho usado por agências como a NASA, têm vida útil. O fim desse período, no entanto, pode sair um pouco do planejado. Amanhã, dia 23 de setembro, um satélite lançado em 1991 deve voltar descontrolado à atmosfera terrestre.
O satélite em questão é chamado de UARS (sigla em inglês para “Satélite de Pesquisas da Atmosfera Superior”), e foi colocado em órbita há vinte anos com a missão de passar informações sobre a camada de ozônio e inferir alguns processos climáticos da Terra. Deveria passar apenas três anos trabalhando, mas ficou operando até 2005, quando foi desativado. Seis anos depois, ele vai entrar pela atmosfera e se decompor em cerca de 26 pedaços. A NASA não pode fazer nada senão tentar prever onde as partes do satélite vão cair.
Os cientistas afirmam que isso não é motivo para alarme. As chances de alguma parte do UARS cair em cima de uma área habitada do planeta, segundo cálculos, são de uma em 3.200. A probabilidade de um pedaço do satélite cair em cima de você, especificamente, é de uma em trilhões. Pode dormir sossegado.
Segundo os cientistas da NASA, será a primeira vez que isso acontece em mais de 30 anos. A última vez em que um satélite artificial voltou ao planeta fora de controle foi em 1979. O normal é que a NASA consiga operar a reentrada segura na atmosfera, o que não aconteceu com o satélite Pegasus 2 há trinta e dois anos e não vai ocorrer agora. Na ocasião, partes do Pegasus caíram no Oceano índico e outras em áreas desabitadas da Austrália.
Nunca houve vítimas fatais, em terra, de uma reentrada imprevista na atmosfera. Em 2003, catorze astronautas morreram em um acidente com o ônibus espacial Columbia, no qual pedaços da nave caíram no Texas, mas ninguém foi atingido por partes do veículo. Desta vez, a previsão – ainda inexata – é que a maior parte do UARS caia em áreas remotas ao norte do Canadá.
O equipamento que vai voltar ao planeta em breve pesa seis toneladas, mede 10,7 metros de comprimento e 4,5 metros de largura. A reentrada deve acontecer em uma velocidade superior a 800 km/h. Os cientistas haviam previsto, anteriormente, que o UARS só cairia em outubro, mas a volta à atmosfera acabou tendo uma evolução mais acelerada que o esperado. [LiveScience]