Já sentiu como se você estivesse fingindo ser melhor do que realmente é, a despeito de seus sucessos? E que você está à beira de ser descoberto como uma farsa, não merecedor de elogios, promoções ou reconhecimento?
Você pode estar sofrendo de um caso de síndrome do impostor. Essa é uma condição real, que pode ser tratada.
Para muitas pessoas, a atriz Emma Watson não tem do que reclamar: é talentosa, bonita, inteligente… No entanto, Emma já admitiu se sentir como uma fraude, apesar de seu sucesso. Em entrevista à revista Rookie, ela disse: “Parece que a qualquer momento alguém vai descobrir que sou uma fraude total e que eu não mereço nada do que eu consegui”.
Este é um exemplo de um fenômeno interessante, no qual as pessoas são vistas como bem sucedidas por medidas externas, mas internamente sentem-se indignas de seu sucesso e em perigo de serem expostas a qualquer momento.
A maioria de nós tem esses anseios de vez em quando. Um artigo de 1985 sugere que até 70% das pessoas têm esses “sentimentos de impostor” em algum momento. É normal, e, geralmente, com um pouco de perspectiva e de tempo, as pessoas os esquecem.
No entanto, para algumas pessoas, a sensação não passa e, no seu lugar, uma síndrome se desenvolve.
O fenômeno foi descrito originalmente em 1978 por Pauline Clance e Suzanne Imes, pesquisadoras da Universidade Estadual da Geórgia, nos EUA, com base em seu trabalho com grupos de mulheres bem-sucedidas.
Grande parte da literatura inicial sugere que a síndrome atinge principalmente as mulheres, mas, desde então, tem havido estudos que mostram que muitos homens também são afetados.
A síndrome do impostor é mais evidente em situações onde as pessoas são medidas ou avaliadas de alguma forma. Por isso, é muito comum nos sistemas de ensino, nos quais as pessoas são regularmente testadas e classificadas. Também é comum no esporte, ou em entrevistas para um novo emprego em muitos campos criativos.
Nesses momentos, o sofredor da condição começa a se preocupar que todo mundo “vai descobrir o seu segredo”. Uma das características da síndrome de impostor é que você nunca pode admitir isso. Porque, claro, se você disser que se sente uma fraude, há a possibilidade de alguém concordar.
A segunda característica principal é que a síndrome do impostor é impermeável a provas. A pessoa pode ter evidências objetivas de que não é uma fraude (ter passado em um exame, alcançado uma meta, feito uma boa apresentação), mas o sentimento persiste. Para ignorar essas evidências, as pessoas usam “jogos mentais” ou desculpas, como “foi apenas sorte”, “era fácil”, “alguém ajudou”.
Para algumas pessoas, quanto mais bem sucedidas elas se tornam, pior a síndrome fica, já que as expectativas são ainda maiores.
Então, o que se pode fazer para superar esse sentimento?
O sofredor desta síndrome precisa se forçar para aceitar a evidência objetiva. Uma das grandes contribuições da psicologia é ajudar as pessoas a perceberem que sentimentos não são fatos. Você pode se sentir como um impostor, e não ser um.
Não há uma resposta simples para tratar a síndrome, mas terapia, autoconhecimento e atenção plena podem ajudar.
Caso você acredite que tenha a condição, busque aprender a não temer o sucesso e a apreciá-lo, mesmo que isso pareça difícil para você. [io9]