Vacas fornecem leite, galinhas, ovos e porcos se transformam em bacon. Mas existe muitos outros objetos que são fabricados a partir de parte de animais – alguns realmente surpreendentes.
Você sabia que existem partes de ovelhas escondidas em seu sabão? Ou ingredientes de peixe na sua cerveja? Pois é, partes de animais que não são refeições acabam sendo transformadas em produtos que usamos todos os dias.
Esse é o maravilhoso e estranho mundo dos subprodutos de animais, a forma encontrada pelas empresas de se certificar que cada pedacinho do animal seja útil e não vá para o lixo. Uma dessas empresas coleta intestinos de vacas de matadouros locais e os transforma numa espécie de corda de tripa natural, utilizada por muitos dos melhores jogadores do mundo de tênis.
“São necessárias tripas de cerca de quatro vacas para a fabricação das cordas de uma raquete média”, explica a gerente de produção Rosina Russell. Trata-se de um processo penoso, que leva seis semanas do início ao fim, mas de acordo com Russell, a espera vale a pena.
“Com a corda sintética, a raquete é atingida pela bola, se estica e tende a continuar esticada”, explica. “Porém, isso não acontece com o nosso produto. Como o intestino tem uma memória natural, ele sempre retorna à sua forma original, melhorando a performance do atleta”, garante.
A empresa, que tem atuado nessa área incomum por mais de cem anos, também usa as mesmas técnicas para produzir cordas de tripa para harpas e outros instrumentos antigos.
O intestino é apenas uma das muitas partes da anatomia de uma vaca que podem adquirir uma utilidade improvável. Talvez você não saiba, mas há tempos que ossos bovinos são transformados em porcelana fina.
Em uma inovação mais moderna, uma proteína chamada queratina, extraída do casco das vacas, é usada na fabricação de uma espuma especial para apagar incêndios. A espuma é projetada especificamente para acabar com fogo de alta intensidade provocado por combustível de aviação e tem sido utilizada por bombeiros em aeroportos e por equipes salvamento em todo o Reino Unido.
A queratina ajuda a ligar as bolhas de espuma entre si para formar um cobertor durável, que impede a ruptura do fogo e se mostra muito eficaz em sufocar as chamas.
Mudando da terra para o mar, a cola de peixe é um produto utilizado pela indústria cervejeira como um agente de colagem para algumas cervejas – ajudando a garantir que o produto final seja claro e agradável aos olhos.
É feito a partir de um órgão chamado de “bexiga natatória”, encontrado dentro de algumas espécies de peixes. Quando inflada, a bexiga serve como um auxiliar de flutuação natural, mantendo a posição vertical de peixes na água.
Para a produção da cola de peixe, os animais devem ser secos, esterilizados e cortados com ácido para produzir uma pasta ou líquido. Essa substância é adicionada ao tambor durante os últimos estágios da fabricação de cerveja para ajudar o fermento a sedimentar.
A cola é uma forma muito pura de colágeno e são justamente as moléculas fibrosas de colágeno que ajudam a acelerar o processo de sedimentação natural, atraindo as células de levedura. A levedura e o colágeno se combinam para tornar partículas maiores, que decantam mais rapidamente para o fundo do poço, deixando o líquido acima mais claro muito mais rapidamente.
Esses são apenas alguns dos muitos exemplos de como a indústria aprendeu a aproveitar ao máximo as propriedades naturais de animais que poderiam acabar no lixo. Confira mais alguns:
– Âmber cinza: a massa de cera formada dentro dos intestinos de uma baleia cachalote é usada em vários perfumes caros e sofisticados.
– Placenta ovina: um soro feito de placenta de ovinos pode ser aplicado no rosto de humanos como tratamento de beleza.
– Quitina: a substância encontrada no esqueleto do camarões é utilizada em muitos produtos para o cabelo tais como geis fixadores.
– Válvula de coração de porco: alguns pacientes cardíacos devem suas vidas às válvulas dos corações de porcos.[BBC]