10 histórias de como o corpo reagiu a situações extremas

Por , em 10.08.2014

Ouvimos falar de pessoas submetidas a situações extremas, como ser queimado na fogueira, congelado ou esmagado com quantidades inacreditáveis de força. Mas o que realmente acontece com o corpo humano quando enfrenta tais extremos? O resultado não é sempre mortal. Confira:

10. Aceleração

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A unidade “g” é uma unidade de aceleração definida como 9,806 65 m/s², aproximadamente igual à aceleração devida à gravidade na superfície da Terra. A força-g nunca afetou os seres humanos até a Primeira Guerra Mundial, quando os pilotos começaram a misteriosamente perder a consciência em pleno voo. Graças a um oficial da Força Aérea dos EUA, John Stapp, aprendemos muito mais sobre como essa força pode causar problemas ao nosso corpo.

A pesquisa de Stapp foi muito séria: ele se submeteu a forças de até 35 g, o que é equivalente a acelerar a 343 metros por segundo ao quadrado. Seus ossos racharam e quebraram, e suas obturações dentárias voaram para fora da boca. Mas o principal efeito, ele determinou, foi em seu sangue. Quando a aceleração acontece ao longo de um eixo horizontal, o corpo tolera as forças-g comparativamente bem, porque o fluxo de sangue fica no mesmo plano horizontal. Mas quando a força atua sobre o corpo de uma maneira vertical, as coisas não vão tão bem. Além de um certo nível (cerca de 4 ou 5 g para a maioria das pessoas), os nossos sistemas simplesmente não têm força suficiente para bombear o sangue, e ele é atraído para nossas extremidades inferiores. Forças-g negativas causam os mesmos problemas, interferindo com o fluxo de sangue e acumulando muito dele rapidamente em um só lugar. Trajes específicos para suportar tais forças podem manter o sangue no seu lugar, impedindo pilotos de perder a consciência, por exemplo.

Caso você esteja se perguntando quanto dessa força podemos aguentar, saiba que Stapp sobreviveu a um teste final em que acelerou a 1.017 km por hora, por um momento pesando mais de 3.500 kg. Ele morreu pacificamente em sua casa com 89 anos.

9. Pressão

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A doença da descompressão, também chamada de “mal dos mergulhadores”, acontece quando o corpo humano sente uma queda repentina na pressão circundante. O sangue não pode mais dissolver gases como o azoto com eficácia. Em vez disso, os gases permanecem na corrente sanguínea na forma de bolhas. Em casos graves, as bolhas se acumulam nos vasos sanguíneos e resultam em tontura, confusão ou até mesmo morte.

A forma mais branda da doença de descompressão geralmente resulta em dores nas articulações e inchaço dos tecidos. Os mergulhadores que se submetem a mudanças de pressão em uma base regular podem criar um caso despercebido de doença da descompressão que leva a lesões articulares permanentes. A forma mais grave é a que pode matar. Aqueles que são atingidos por este tipo apresentam condições como vertigem, paralisia e choque.

8. Frio

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Quando a temperatura do corpo cai para cerca de 30 graus Celsius (a temperatura normal é de cerca de 36), todas as funções corporais são afetadas. Fadiga, falta de jeito e um atraso em reagir a estímulos exteriores estão entre os primeiros sintomas.

Um dos primeiros sistemas a falhar nessas condições é a termorregulação, ou a capacidade do corpo de manter a sua temperatura central por conta própria. Logo em seguida, outros sistemas, como o cardíaco e o pulmonar, também desaceleram. O corpo todo fica sem oxigênio. Além disso, o sistema renal falha rapidamente, inundando o corpo com uma versão diluída da urina. Esta substância vaza para o sangue e para os órgãos, causando choque ou outros problemas cardíacos. Tudo isso pode levar à morte.

A redução do metabolismo e a diminuição da demanda dos sistemas do corpo permite que algumas pessoas sobrevivam a casos extremos de hipotermia e se recuperem completamente quando devidamente aquecidas.

7. Calor

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A insolação acontece quando a temperatura interna do corpo sobe para mais de 40 graus Celsius. Insolação clássica se desenvolve lentamente com a exposição ao calor, tais como durante uma onda de calor no verão. Já a insolação induzida por atividade atinge pessoas que realizam tarefas altamente físicas em condições quentes, como atletas ou trabalhadores industriais.

Em qualquer tipo, apenas cerca de 20% dos atingidos sobrevivem sem tratamento, e muitos dos que sobrevivem sofrem algum grau de dano cerebral. A umidade aumenta as chances de insolação, evitando que o suor evapore e diminuindo a capacidade do corpo de se livrar do calor. Uma vez que a temperatura interna chegue a 42 graus Celsius por tão pouco quanto 45 minutos, as células se quebram. Os tecidos do corpo incham e o revestimento digestivo enfraquece, permitindo que novas toxinas entrem no corpo.

Nos casos mais leves, chamados de exaustão por calor, apenas o sistema circulatório diminui. A insolação completa, no entanto, leva a mau funcionamento do sistema nervoso, provocando confusão, convulsões e tonturas.

6. Fogo

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Pesquisadores da Universidade da Flórida Ocidental (EUA) colocaram fogo em cadáveres para documentar o que acontece com o corpo humano sob essas condições. Em média, ele queima por sete horas.

A pele exterior é afetada primeiro, crepitando antes de queimar muito rapidamente. As camadas dérmicas da pele não duram muito mais tempo, desaparecendo depois de cerca de cinco minutos. Até aí, o fogo corroeu o escudo e chegou na camada de gordura. A gordura é um combustível eficiente, desde que um material inflamável, como roupas ou madeira, aja como um pavio. Ela derrete e, em seguida, queima durante horas. As chamas também secam os músculos, contraindo-os. O fogo normalmente desaparece quando restam apenas ossos, a menos que eles quebrem e exponham a medula. Dentes não queimam.

A pesquisa imitou incêndios criminosos, mas, durante a cremação, o fogo é muito mais quente, e portanto o corpo queima mais rapidamente. A temperatura de uma cremação é de cerca de 600 a 800 graus Celsius. Entretanto, até mesmo a estas temperaturas, pode levar várias horas para reduzir completamente o corpo a cinzas. De acordo com os pesquisadores, um corpo humano queimando cheira exatamente como uma costelinha de porco no churrasco.

5. Fome

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Fome pode matar, mas os pormenores são horripilantes. O estômago se contrai fisicamente, e pode ser desconfortável para uma pessoa voltar a comer quantidades normais, mesmo se conseguir alimento. Os músculos do coração também encolhem fisicamente. Inanição prolongada provoca anemia. Nas mulheres, a menstruação pode parar completamente.

Quando o corpo não tem açúcares suficiente para queimar, ele começa a quebrar gordura. Isso pode soar bastante desejável, mas quando a gordura armazenada decompõe rapidamente, ela libera compostos chamados de cetonas, juntamente com energia. Cetonas se acumulam levando a náuseas e exaustão, além de mau hálito. Seus ossos podem enfraquecer permanentemente após fome temporária. Talvez o mais surpreendente efeito permanente seja sobre o cérebro. Sem nutrientes vitais como potássio e fósforo, você pode perder massa cinzenta cerebral e, mesmo que voltar a comer, parte dessa perda é inalterável, fazendo com que a função cerebral fique prejudicada para sempre.

Crianças e adolescentes podem sofrer problemas crônicos de saúde mais tarde na vida, tais como a incapacidade de uma garota de ficar grávida. Pessoas que sofrem de fome a longo prazo muitas vezes crescem minúsculos pelos macios chamados de “lanugo” para ajudar o corpo a regular a temperatura.

4. Altura

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Mesmo se você não tem medo de altura, já deve ter experimentado uma sensação de mal estar quando olhou para baixo do topo de um arranha-céu. Isso é vertigem, e é mais do que apenas um fenômeno psicológico.

Equilíbrio é uma coisa complicada. Quando estamos no chão, nos orientamos usando objetos estáveis, estacionários. Quando estamos no topo de um prédio de 30 andares, no entanto, isso não funciona. O objeto fixo mais próximo (além do chão sob seus pés) está tão longe que seu corpo não pode usá-lo para tranquilizar-se de que também está estacionário. A oscilação do edifício aumenta esse problema. Quando você está alto o suficiente, tudo oscila ligeiramente, coisa que os nossos corpos podem detectar, mesmo que nossa mente consciente não possa. Quanto mais alto estamos, mais a oscilação influencia, e mais difícil para nós é regular o equilíbrio. Se o efeito se tornar grande demais, pode interferir com o nosso próprio centro de gravidade.

Pessoas ruins em estimar distâncias sofrem mais com acrofobia. Um estudo da Universidade do Estado da Califórnia (EUA) descobriu que aqueles que superestimam a altura de um prédio têm reações mais fortes a estar no seu topo. Os resultados sugerem uma ligação direta entre a percepção e o medo.

3. Químicos

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O sulfeto de hidrogênio é uma coisa muito desagradável que causa, entre outras coisas, o cheiro de ovos podres. Em quantidades elevadas, pode ter matado os dinossauros e uma grande parte de outras formas de vida pré-históricas.

Ainda assim, tudo que é vivo hoje produz esse químico em quantidades muito pequenas. Ele ajuda a regular o ritmo ao qual nossos processos internos funcionam. Mais recentemente, cientistas descobriram que a substância tem um outro uso em camundongos: pode colocá-los em um estado de animação suspensa. Quando administrado na dose adequada, o sulfeto de hidrogênio diminui a taxa metabólica do corpo e deixa a temperatura interna bem abaixo do limite de hipotermia. Todas as funções corporais, incluindo a circulação e a atividade pulmonar, quase param. Se o composto puder ser usado em seres humanos, poderia ser uma ferramenta inestimável para retardar os danos causados por queimaduras e doenças até que uma pessoa recebesse o tratamento adequado.

2. Radiação

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O decaimento radioativo libera energia para o ambiente ao seu redor. Essa energia interage com ou mata as células do corpo humano, causando-lhes mutações. Essas mutações se transformam em câncer. Além disso, alguns tipos de material radioativo atingem partes específicas do corpo. Por exemplo, o iodo radioativo se acumula na glândula tireoide, causando câncer de tireoide, especialmente em crianças.

É preciso uma relativamente grande quantidade de exposição à radiação para aumentar significativamente o risco de uma pessoa de desenvolver câncer. Em média, somos expostos a 0,24 a 0,3 rem de radiação por ano. Para o risco de desenvolver câncer aumentar em 0,5%, é preciso ser exposto a cerca de 10 rem. Em um nível muito mais elevado de 200 rem, o indivíduo desenvolve doença de radiação. A curto prazo, os efeitos são vômitos, uma redução de glóbulos vermelhos e danos à medula óssea. Este dano ósseo causa problemas latentes, já que a medula é responsável pela produção de plaquetas, essenciais para a coagulação do sangue.

1. Solidão

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Sentir-se sozinho é normal. Mesmo no mais lotado dos ambientes, ainda podemos sentir uma enorme sensação de solidão se não nos conectamos com ninguém. Mas a solidão crônica pode ter um efeito muito real em nossos corpos e nossas saúdes.

De acordo com psicólogos da Universidade de Chicago (EUA), pessoas solitárias têm sistemas imunológicos severamente reprimidos por uma razão interessante. Como elas veem o mundo como um lugar perigoso e hostil, seus sistemas imunitários se fixam em combater infecções bacterianas. Isto as torna incapazes de produzir o maior número de anticorpos antivirais, deixando-as, consequentemente, mais suscetíveis a doenças virais. Elas também são mais suscetíveis à pressão alta, já que artérias endurecidas já foram associadas a solidão crônica e dificuldade em dormir. Estresse também deixa as pessoas solitárias mais vulneráveis a doenças cardíacas e derrames.

Bônus: Água

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Todos nós conhecemos os perigos da desidratação, mas ouve-se falar menos dos perigos de beber água em excesso. A intoxicação por água traz todo o tipo de problemas, sendo a hiponatremia o mais mortal.

Quando os rins não conseguem se livrar da água extra, a empurram para a corrente sanguínea, onde ela dilui o sangue e causa uma queda grave em eletrólitos. Sem sal suficiente no corpo, o indivíduo sofre de dores de cabeça, cansaço, vômitos e desorientação. Uma vez que a corrente sanguínea não pode mais lidar com ela, a água corre para as células, que incham. Isto as torna inoperantes quando elas ficam sem espaço para a expansão, tal como o cérebro e a espinha dorsal. Assim, com muita água no corpo, você pode sofrer de inchaço do cérebro, coma, convulsões, e finalmente morte.

Você também pode se deparar com um outro problema ao beber água demais: ela pode conter poluentes. Quando você bebe regularmente mais água do que a quantidade recomendada (que na verdade é um pouco menos do que os elogiados oito copos por dia), poluentes podem se acumular em um nível com o qual o corpo não pode lidar. [Listverse]

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