O National MegaLab, da Florida State University, nos Estados Unidos, abriu o que pode ser uma nova fronteira na ciência com um super-imã. Desenvolvido no centro de pesquisa, o imã atingiu, no último dia 8, o campo magnético de 32 teslas – um terço mais forte do que o recorde anterior e mais de 3 mil vezes mais forte do que o imã de uma geladeira pequena.
O mecanismo é composto pela união dos condutores de baixas temperaturas convencionais e de novos supercondutores de altas temperaturas. Além de marcar o início de novas tecnologias supercondutoras, o “32 T” permitirá aos físicos estudar materiais para explorar como os elétrons interagem uns com os outros e com seu ambiente atômico. Isso lança as bases para a criação de novos dispositivos com potencial transformador.
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Enquanto ao longo dos anos, o recorde de imãs supercondutores vem sendo quebrado gradualmente, esse enorme salto é maior do que a soma de todas as melhorias feitas nos últimos 40 anos.
“Este é um passo transformador na tecnologia magnética, uma verdadeira revolução está acontecendo”, afirmou em um comunicado à imprensa o diretor do MagLab, Greg Boebinger. “Não apenas este imã com design de última geração nos permite oferecer novas técnicas experimentais aqui no laboratório, também aumentará o poder de outras ferramentas científicas em todo o mundo, como raios-X e [ferramentas de] dispersão de nêutrons”.
Supercondutividade
O novo imã representa um marco na supercondutividade de alta temperatura, um fenômeno que provocou tremenda agitação na comunidade científica quando foi descoberto, há 31 anos. Supercondutores são materiais que conduzem eletricidade com eficiência perfeita, sem que os elétrons encontrem muita fricção em seu caminho.
Os supercondutores de baixas temperaturas foram descobertos um século atrás e funcionam apenas em ambientes extremamente frios. Como, geralmente, param de funcionar em campos magnéticos de mais de 25 teslas, limitam a força dos imãs supercondutores.
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Porém, em 1986, cientistas descobriram os primeiros supercondutores de altas temperaturas, que não apenas funcionam em ambientes mais quentes, mas também continuam funcionando em campos magnéticos muito fortes. A descoberta rendeu aos pesquisadores da IBM Georg Bednorz e K. Alex Müller o Prêmio Nobel em Física de 1987.
Divisor de águas
“Nós abrimos um reino enorme e novo”, declarou o engenheiro do MagLab Huub Weijers, que supervisionou a construção do mecanismo. “Eu não sei qual é o limite, mas está além de 100 teslas. Os materiais necessários existem. Só a tecnologia e os dólares estão entre nós e 100 teslas”.
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A física Laura Greene, cientista-chefe da MagLab, acredita que o super-imã poderá trazer novos fundamentos e insights em uma série de campos de pesquisa. “Os físicos estão especialmente entusiasmados com os avanços na matéria quântica, que apresenta materiais ultrafinos novos e tecnologicamente importantes, assim como estados de matéria novos e exóticos em materiais topológicos e complexos materiais magnéticos”, listou.
Depois de ter ficado oito anos em construção, o novo instrumento deverá estar disponível para cientistas visitantes em 2018. [Phys.org, National MegaLab]