Os seres humanos são capazes de conquistar o mundo com o olhar. De todos os primatas, os olhos humanos são os mais notáveis; as íris coloridas envoltas no branco e cercando as pupilas negras formam um contraste que não é encontrado nos olhos da maioria dos macacos.
A hipótese do olho cooperativo afirma que tais características distintivas que ajudam a realçar nossos olhos evoluíram em parte para nos ajudar a acompanhar os olhares dos outros quando nos comunicamos, ou quando cooperamos uns com os outros em tarefas que requerem muito contato.
Um novo estudo, um dos primeiros testes diretos da teoria, observou como os movimentos oculares e da cabeça tiveram efeito sobre o redirecionamento do olhar dos grandes símios e dos bebês humanos.
Um experimentador humano fez os seguintes procedimentos: fechou os olhos, mas inclinou a cabeça em direção ao teto; manteve a cabeça parada enquanto olhava para o teto; olhou para o teto inclinando cabeça e os olhos e manteve a cabeça parada enquanto olhava para a frente.
Os resultados mostraram que os grandes símios, que incluíam 11 chimpanzés, 4 gorilas e 4 bonobos, eram mais propensos a seguir o olhar do experimentador quando ele movia a cabeça. Em contraste, os 40 bebês humanos olharam para cima com mais frequência quando o experimentador moveu apenas os olhos.
A conclusão é de que os grandes símios são influenciados mais pela cabeça do que pelos olhos ao tentar seguir um outro olhar, enquanto os humanos são mais dependentes dos próprios olhos.
As comparações entre os olhos humanos e de outros primatas revelam algumas diferenças sutis que ajudam a nos destacar. Por exemplo, o olho humano não tem certos pigmentos encontrados em olhos de primatas, que cobrem o exterior fibroso, ou “esclera”, de modo que nosso olho é branco.
Em contraste, a maioria dos primatas tem esclera uniforme, castanha ou de tons escuros, o que torna mais difícil determinar a direção que eles estão olhando.
Além disso, o contraste de cor entre a nossa pele facial, a esclera e a íris ajudam a determinar a direção que olhamos. Já entre os macacos, esse contraste é baixo.
Os seres humanos também são os únicos primatas com contorno dos olhos e posição da íris claramente visíveis. Além disso, nossos olhos são mais alongados no sentido horizontal, e desproporcionalmente grandes para a nossa dimensão corporal em comparação com a maioria dos macacos. Gorilas, por exemplo, têm corpos maciços, mas olhos relativamente pequenos.
A hipótese do olho cooperativo explica estas diferenças como traços que evoluíram para ajudar a facilitar a comunicação e a cooperação entre os membros de um grupo social.
Por exemplo, as mães e bebês humanos são fortemente dependentes do contato visual. Um estudo descobriu que bebês humanos olham para o rosto e os olhos de quem lhe cuida pelo dobro do tempo de outros primatas.
Outras ideias também têm sido propostas para explicar por que os seres humanos têm olhos tão visíveis.
Por exemplo, a esclera branca pode sinalizar uma boa saúde e, portanto, ajudar a sinalizar aos outros o nosso potencial como parceiro. Ou, segundo um estudo recente, olhos visíveis promovem um comportamento cooperativo e altruísta. As pessoas são mais generosas quando acham que estão sendo observadas.
Segundo cientistas, as teorias não são mutuamente exclusivas, e os olhos visíveis podem servir a todas essas funções.
Se estiver correta, a hipótese do olho cooperativo poderia fornecer uma pista valiosa sobre quando nos tornamos os seres sociais que somos. Quando, na evolução humana, nossos olhos se tornaram tão visíveis? Essa é uma data provável para a origem de formas exclusivamente humanas de cooperação e comunicação. [LiveScience]