Ainda está em aperfeiçoamento a tecnologia para se fazer testes de DNA. No caso do câncer, um teste eficiente pode ser vital para detectar com antecedência os sinais que o precedem, como no caso de câncer de cólon (ou câncer retal).
Pesquisadores da Universidade John Hopkins, em Baltimore (Maryland, EUA) fizeram novas descobertas genéticas sobre este tipo de câncer que consome 14 bilhões de dólares anuais para tratamento só nos Estados Unidos.
Se for identificado e tratado cedo, o tumor do câncer de cólon é facilmente removido. Mas a maioria das pessoas, ao passar dos 50 anos de idade, não cumpre a recomendação de se submeter a uma colonoscopia, exame usado para detecção. Devido a essa negligência por parte dos pacientes, razão pela qual não se consegue baixar o índice de 650 mil mortes por ano graças ao câncer de cólon.
Os tumores do cólon “se acusam” em exames médicos, fornecendo evidências de sua presença quando há liberação de sangue nas fezes. Os testes atuais não são lá muito eficazes na prevenção, por não detectarem o pólipo (crescimento da membrana mucosa do reto), que antecede o câncer. Daí a necessidade vista pelos cientistas de se desenvolver um teste mais eficaz.
Buscando respostas, os pesquisadores passaram a procurar mutações no DNA que indicassem a formação de um tumor. Descobriram: quando o pólipo começa a se formar, certos genes passam a dar o comando para a produção de um composto de metila (álcool com apenas um carbono), que auxilia na supressão do tumor, e portanto é um indicativo da existência deste. Um DNA altamente metilado, portanto, tem uma grande chance de estar em um organismo onde um pólipo começa a se desenvolver.
No mês de outubro, 1600 pacientes serão testados com esse novo procedimento genético. Os médicos esperam que a precisão, de início, esteja na faixa de 85% dos participantes testados, mas tende a aumentar a partir das primeiras conclusões que forem tiradas. O teste, de início, custará menos de 300 dólares (atualmente, algo em torno de 530 reais), e as amostras podem ser recolhidas a domicílio. O teste é rápido, e pessoas diagnosticadas com início de formação do pólipo podem ter o tumor removido imediatamente.
Os pesquisadores esperam que outros tipos de câncer, e não apenas o de cólon, possam ser identificados com testes genéticos, que se tornam mais simples, rápidos e econômicos que outros procedimentos de verificação. Apenas com a verificação das feses, por exemplo, pode-se achar sinais de câncer no pâncreas, esôfago e estômago.
Um único problema: como a precisão do teste ainda está na casa dos 85%, e não é infalível como se deseja, pode acontecer de o teste dar resultado positivo uando na verdade não há nenhum risco de câncer de cólon. Isso pode levar um paciente sadio a se submeter a mais exames e uma colonoscopia inútil, que vai procurar um tumor e não achar nada. Mais um desafio para os pesquisadores resolverem. [The Times New York]