O cabo de Melville é conhecido como o “mundo perdido” da Austrália. Em março deste ano, o pesquisador Conrad Hoskin, da Universidade James Cook (Austrália) e Tim Laman, fotógrafo da National Geographic Society e investigador da Universidade de Harvard (EUA), fizeram uma expedição até o local para explorar a região remota no nordeste do país. O resultado foi melhor do que eles esperavam: foram descobertas três espécies de vertebrados, incluindo um lagarto, uma pequena lagartixa e uma rã com características peculiares.
“A descoberta de três novas e, obviamente, diferentes espécies vertebradas pode ser surpreendente em lugares pobremente explorados como Nova Guiné, mas o é ainda mais na Austrália, um país que acreditamos que já foi explorado em profundidade”, disse Hoskin.
A espécie de sapo descoberta (Cophixalus pertophilus) despertou a curiosidade dos cientistas porque esses anfíbios vivem em um campo de pedras sem áreas aquáticas, que os animais costumam usar para a reprodução e nidificação. Os pesquisadores descobriram que essa espécie poética gosta de namorar na chuva. São nesses momentos em que a espécie se reproduz. Os ovos são depositados nas fendas rochosas úmidas, e os machos são os responsáveis por proteger a região.
Além do “sapo do amor”, a equipe também encontrou uma pequena lagartixa (Saltuarius eximius) que só caça à noite. A espécie, que chama a atenção pelo rabo em forma de folha e aparência primitiva, pode atingir até cerca de oito centímetros de comprimento. Assim como o sapo, o animal se esconde entre as pedras até surgirem condições ideais de alimentação. Quando a noite cai, a lagartixa permanece imóvel e ataca insetos e aranhas.
A terceira espécie identificada é uma lagarta de pele dourada (Saproscincus saltus). Ao contrário da lagartixa, essa espécie rápida caça a luz do dia.
De acordo com os pesquisadores, muitas espécies ficaram isoladas durante milhões de anos na parte alta do cabo Melville. Isso lhes permitiu evoluir e se tornarem únicas neste habitat rochoso. [CBS/PT Jornal]