Rachadura gigante na África pode criar um novo oceano

Por , em 6.08.2015

Pesquisadores afirmam que uma fenda de 56 quilômetros no deserto da Etiópia provavelmente vai se tornar um novo oceano. A rachadura, que chega a ter seis metros de largura em alguns pontos, abriu em 2005 e, à época, alguns geólogos já acreditavam que ela iria gerar um novo oceano. – embora esse ponto de vista fosse controverso.

Porém, um novo artigo envolvendo uma equipe internacional de cientistas, incluindo pesquisadores africanos, árabes e norte-americanos, publicado na revista “Geophysical Research Letters”, revela que os processos que criaram a fenda são quase idênticos ao que se passa no fundo dos oceanos, mais uma indicação de que o futuro da região será se encher de água.

Evento repentino

Usando dados sísmicos de 2005, os pesquisadores reconstruíram o evento para mostrar que a rachadura alcançou todo o seu comprimento de 56 quilômetros em poucos dias. Dabbahu, um vulcão no extremo norte da fenda, entrou em erupção primeiro, então o magma subiu pelo meio da fenda e começou a “abri-la” em ambos os sentidos.

“Sabemos que cordilheiras submarinas são criadas por uma intrusão semelhante de magma em uma fenda, mas nunca soubemos que uma enorme porção da cordilheira poderia se abrir de repente, como esta”, disse Cindy Ebinger, professora de Ciências da Terra e Ambientais da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, e coautora do estudo.

Os resultados mostram que as áreas vulcânicas altamente ativas ao longo das bordas das placas tectônicas oceânicas podem de repente rachar em grandes seções, ao invés de aos poucos, como a principal teoria a respeito sustentava. A pesquisadora ainda aponta que esses grandes eventos repentinos em terra representam um perigo muito mais grave para as populações que vivem perto da fenda do que vários eventos menores.

“O objetivo deste estudo é saber se o que está acontecendo na Etiópia é semelhante ao que está acontecendo no fundo do oceano, onde é quase impossível para nós irmos”, diz Ebinger. “Sabíamos que se pudéssemos estabelecer isso, a Etiópia seria essencialmente um laboratório único e excelente de dorsais oceânicas. Por causa da colaboração transfronteiriça sem precedentes por trás desta pesquisa, agora sabemos que a resposta é sim, [o processo que está acontecendo na África] é análogo [ao do fundo dos oceanos]”.

Novo oceano

As placas tectônicas africana e árabes se encontram no deserto de Afar, no remoto norte da Etiópia, e têm se afastado num processo de separação – a uma velocidade de menos de 2,5 centímetros por ano – durante os últimos 30 milhões de anos. Esta separação formou os 300 quilômetros da depressão Afar e o Mar Vermelho. A ideia é que o Mar Vermelho acabará por verter para o mar novo em um milhão de anos ou mais. O novo oceano iria ligar o Mar Vermelho e o Golfo de Aden, um braço do Mar Arábico entre o Iêmen, na Península Arábica, e a Somália, na África Oriental.

Atalay Ayele, professor na Universidade de Adis Abeba, na Etiópia, liderou a pesquisa, recolhendo dados sísmicos da vizinha Eritreia com ajuda de Ghebrebrhan Ogubazghi, professor do Instituto de Tecnologia da Eritreia, e do Iêmen com a ajuda de Jamal Sholan, do Centro de Observação Sismológico Nacional do Iêmen. [LiveScience]

2 comentários

  • Antonio Carlos Valença de Oliveira Motta:

    Evolução anual? Se existir, aumentará a área marítima e assim absorverá o excedente provocado pelo degelo que vem se acelerando.

    • Cesar Grossmann:

      Se isto acontecer, vai ser tarde demais para muitos países, vai levar milhões de anos…

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