O uso de substâncias psicodélicas está associado a uma melhor saúde física, segundo pesquisa preliminar publicada no Journal of Psychopharmacology. Mas a causa dessa relação ainda não está clara.
“Recentemente, houve pesquisas promissoras sobre os benefícios para a saúde mental dos psicodélicos clássicos, mas muito pouco se sabe sobre como os psicodélicos clássicos podem impactar os resultados de saúde física a longo prazo. Estou curioso para descobrir”, disse Otto Simonsson, da Universidade de Oxford, autor correspondente do novo estudo.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados de 171.766 adultos que responderam à Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde entre 2015 e 2018 (EUA). A pesquisa anual, que visa medir a prevalência de uso de substâncias e problemas de saúde mental nos Estados Unidos, perguntou aos participantes se eles já haviam usado drogas psicodélicas e também coletaram outras informações, como estado geral de saúde e índice de massa corporal.
Cerca de 14% da amostra relatou ter usado uma substância psicodélica clássica, como LSD, mescalina, psilocibina (presente nos cogumelos mágicos) ou DMT pelo menos uma vez.
Após ser controlado por uma série de variáveis — incluindo idade, sexo, renda familiar, educação e uso de outras drogas — os pesquisadores descobriram que aqueles que relataram ter usado uma droga psicodélica tendem a ter melhor saúde reportada em comparação com aqueles que nunca haviam usado tais substâncias. Os participantes que haviam usado uma droga psicodélica também apresentaram chances significativamente menores de estar acima do peso ou obesos.
“Os achados sugerem que o uso de um psicodélico clássico está associado a uma série de desfechos de saúde física. No entanto, deve-se ter cuidado ao inferir causalidade”, disse Simonsson ao PsyPost.
Em particular, a natureza correlacional dos dados limita a interpretação dos resultados. Com base em pesquisas anteriores, os pesquisadores acreditam que a “experiência transcendente ocasionada por psicodélicos clássicos” pode resultar em “mudanças de longo prazo no comportamento de saúde que contribuem para uma melhor saúde física”. No entanto, também é possível que pessoas que têm melhor saúde física sejam mais propensas a usar substâncias psicodélicas em comparação com aquelas com pior saúde física.
“A questão principal ainda é se os psicodélicos clássicos impactam positivamente os resultados de saúde física a longo prazo, que precisam ser testados em ensaios duplo-cegos, randomizados e controlados por placebo”, disse Simonsson. “Estamos sempre abertos a colaborações com outras equipes de pesquisa.” [PsyPost]