Infelizmente, não há postos de gasolina no espaço. Para enviar uma nave espacial acessível e leve em missões de longo alcance, a NASA e várias empresas aeroespaciais estão buscando maneiras de explorar o poder da luz solar – até porque a NASA está ficando sem seu principal combustível. As possibilidades incluem “velas” que refletem raios do sol, bem como a propulsão elétrica solar de próxima geração. Nos próximos meses, um projeto de apoio privado chamado LightSail 2 planeja lançar uma embarcação do tamanho de uma lancheira, na qual será colocada uma vela tão grande quanto dois espaços de estacionamento. Se bem sucedidas, essas tecnologias poderiam impulsionar futuras missões da NASA para Marte e outros lugares.
As velas solares não são ficção científica – em 2010, a sonda IKAROS do Japão demonstrou uma prova de conceito durante uma missão interplanetária para Venus. Os defensores dizem que a tecnologia utilizada na demonstração planejada de 5,45 milhões de dólares LightSail 2, financiada pela organização sem fins lucrativos Planetary Society, poderia manobrar satélites de baixo custo chamados CubeSats na órbita terrestre sem combustível. O desempenho das velas solares da LightSail 2 também pode fornecer dados importantes para a missão Scout Near-Earth Asteroid (NEA) da NASA, programada para ser lançada em 2019 e que também terá energia solar.
“O nicho real para as velas solares é para cargas muito pequenas que têm uma longa duração e requisitos de impulso baixos”, diz Les Johnson, pesquisador principal de tecnologia da missão NEA Scout, no Centro de Vôo Espacial Marshall da NASA. A pressão solar constante pode acelerar gradualmente uma pequena sonda. E, ao inclinar a vela, os cientistas conseguem guiar a nave espacial, alterando o ângulo em que a luz solar se reflete, explica Johnson. A tecnologia é ideal para missões relativamente baratas com pequenas cargas que podem fazer suas explorações sem pressa, como o reconhecimento planejado do NEA Scout em um asteroide.
No momento em que a luz solar atinge as proximidades da órbita de Júpiter, ela já está muito fraca para a maioria das missões solares à vela. Mas Jeffrey Sheehy, engenheiro-chefe da Direção de Missão de Tecnologia Espacial da NASA, e Johnson concordam que a tecnologia poderia potencialmente pavimentar o caminho para missões interestelares, nas quais poderosos lasers poderiam acelerar a nave espacial movidas à vela para um décimo da velocidade da luz ou até mais rápido. Um esforço privado, chamado Breakthrough Starshot, espera enviar uma nave dessas em uma missão até Alpha Centauri, o sistema estelar mais próximo da Terra, dentro de uma geração.
Com essa tecnologia, poderemos chegar a Marte em 3 dias
A luz solar também poderia impulsionar naves espaciais com ou sem tripulação muito maiores indiretamente através da propulsão elétrica solar, diz Sheehy. Os painéis solares podem fornecer energia elétrica para propulsores eficientes em combustível que convertem gás em plasma, que impulsionaria a nave espacial.
A NASA já recrutou empresas como a Aerojet Rocketdyne e a Ad Astra Rocket Company para ampliar a potência desses sistemas. “Atualmente, temos sistemas de propulsão elétrica solar de apenas alguns quilowatts”, diz Sheehy. “O que estamos tentando fazer é obter algumas dezenas de quilowatts como um trampolim para algumas centenas de quilowatts”, projeta. [Scientific American]