Elas podem até parecer todas meio iguais, mas são muito diferentes. As abelhas são insetos bem conhecidos por seu estilo de viver, ou, em senso comum, por sua hierarquia (com a abelha-rainha no topo dela).
Mas a vida social das abelhas, assim como os próprios insetos, é tão variada quanto o palácio de um monarca ou uma comunidade hippie.
Um novo estudo oferece um olhar sobre as bases genéticas das diferenças do estilo de vida desses fascinantes insetos.
O estudo centra-se na evolução da “eusocialidade”, um sistema de vida coletiva em que a maioria dos membros de uma colônia (centrada no sexo feminino) renuncia seus direitos reprodutivos, e ao invés disso se dedica a tarefas especializadas, como caça para alimentação, defesa do ninho ou cuidado dos jovens, ações que melhoram a sobrevivência do grupo.
Eusocialidade é uma raridade no mundo animal. Formigas, cupins, algumas abelhas e vespas, outros artrópodes e algumas espécies de ratos-toupeira são os únicos animais conhecidos como eussociais.
Entre as abelhas “altamente eussociais”, existem as do tipo produtoras de mel e as sem ferrão, que tem uma casta de operárias estéreis, e uma rainha que funciona basicamente como uma “máquina de reprodução”.
Há outros tipos de sistema, chamados “primitivamente eussociais”, que geralmente envolvem uma mãe solteira que começa um ninho a partir do zero e, depois de criar trabalhadores suficientes, retrocede e torna-se uma rainha.
Alguns especialistas não gostam do termo “primitivamente eussociais”, porque sugere que estas abelhas estão buscando avançar, ou seja, estão a caminho de se tornar como as abelhas “altamente eussociais”. A eusocialidade não é uma evolução progressiva do “primitivo” para o “altamente”.
Os pesquisadores enfatizam que os eventos evolutivos são independentes, e o objetivo do estudo é traçar essas histórias independentes.
Para isso, eles sequenciaram os genes ativos (usados para transcrever proteína) de nove espécies de abelhas que representam cada estilo de vida; das solitárias abelhas cortadoras-de-folhas (Megachile rotundata) até as altamente eussociais abelhas- anãs (Apis florea).
Então, eles usaram o único genoma disponível, da abelha Apis mellifera, como um guia para reunir e identificar os genes sequenciados de outras espécies. A equipe procurou padrões de mudança genética que coincidiam com a evolução dos sistemas sociais diferentes.
Há genes que são únicos em abelhas primitivamente eussociais? E em abelhas altamente eussociais? Ou há genes em comum para abelhas eussociais em conjunto, diferentes das solitárias? Os dois.
A análise encontrou diferenças significativas na sequência genética entre as abelhas eussociais e solitárias. Os pesquisadores também observaram padrões de mudança genética únicos entre abelhas altamente eussociais e primitivamente eussociais. A frequência e o padrão destas alterações sugerem “sinais de evolução acelerada” específicos para cada tipo de eusocialidade, e para a eusocialidade em geral.
A principal conclusão do estudo é que existem alguns genes que “selecionam” abelhas em todas as diferentes e independentes evoluções eussociais. Esses genes podem ser os mais comuns, ou seja, genes necessários para evoluir para a eusocialidade, ou outros genes de linhagens específicas. [ScienceDaily]