O que é um átomo? É como o sistema solar ou semelhante a um grupo de bexigas amarradas juntas? E como será que o nosso cérebro funciona: parecido com um relógio, mais semelhante a uma máquina a vapor ou como um computador? Ou será que é o computador que se parece com o cérebro?
Perceba como esses conceitos difíceis de explicar – a constituição do átomo e o funcionamento do cérebro humano – ficam mais fáceis de entender um vez que os comparamos com ideias mais simples e mais presentes em nosso dia a dia, por meio de analogias. Podemos não perceber, mas elas estão ao nosso redor o tempo todo.
Nossa habilidade de conexão entre duas coisas distintas pode ser o segredo por trás de como o nosso cérebro é capaz de transformar informação bruta em pensamentos. Durante anos, os cientistas imaginaram que a capacidade de raciocício nos humanos era o ponto principal que nos separava dos demais animais.
O pensamento sempre foi uma área complexa de se estudar, mas eles acreditavam que a lógica era a sustentação de tudo isso. No entanto, havemos de concordar que muitas vezes os humanos não agem de maneira lógica. Então, se os pensamentos não são baseados na lógica, de onde eles vêm?
Uma provável resposta para esse questionamento são as analogias. Vamos tomar como exemplo a maternidade. Nós começamos o processo muito jovens, ao reconhecermos nossas próprias mães. Na sequência, observamos que nossos coleguinhas na escola também possuem mães. Percebemos também que nem só pessoas têm mães, mas cachorros, gatos e passarinhos também.
No final, acabamos estendendo a ideia da maternidade para coisas que não existem fisicamente e que não podem ter uma genitora, como a Mãe Natureza, ou “a necessidade é a mãe da invenção”. À medida que o conceito se torna mais abstrato, os detalhes mudam. No entanto, a ideia central permanece a mesma. Esse é o conceito básico de analogia.
Mas o que a analogia tem de tão poderosa?
Nós sobrevivemos há tanto tempo nesse planeta não porque somos a espécie maior, mais rápida ou mais forte, mas porque somos inteligentes. Quando nos deparamos com uma situação nova de perigo, não ficamos parados durante milhares de anos esperando a evolução agir. Em vez disso, podemos nós mesmos tomar decisões ao recorrer a analogias de eventos passados para enfrentarmos a situação inesperada do presente.
Como exemplo, tomemos o caso improvável de você encontrar um animal selvagem na volta para casa. Trata-se de uma espécie nunca vista antes. Instintivamente, você olhará para suas garras compridas e seus dentes afiados. Esses elementos o farão lembrar de animais perigosos como o leão ou o tigre. Você provavelmente usará esses animais como analogia para pensar em como agir frente a esse animal desconhecido.
O segredo é que as analogias nos fazem concentrar no que é mais importante no momento (como as presas do bicho, ou seja, aquilo que pode representar perigo para nós), e servem como uma ponte entre o perigo desconhecido e as informações que já temos de situações anteriores.
No final das contas, se a consciência é um jantar, as analogias foram sempre tratadas como acompanhamento, mas podem muito bem ser o prato principal.
O site especializado em ciência “New Scientist” produziu um vídeo bacana sobre como as analogias constroem o nosso conhecimento de mundo. Abaixo, você pode assisti-lo. No canto inferior direito do vídeo, é possível acionar legendas em português. [New Scientist via You Tube]