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Você é obeso? A culpada é a cesariana

Seria a cesariana a culpada pela epidemia da obesidade? Segundo uma nova pesquisa, os jovens nascidos através de cesariana têm mais chances de serem obesos do que os nascidos de parto normal.

Há muito tempo o Brasil tem uma das mais altas taxas de cesariana do mundo. Dos 2.057 adultos neste estudo, que nasceram no final de 1970, 32% nasceram de cesariana.

Atualmente, estima-se que cesarianas são feitas em cerca de 44% dos nascimentos brasileiros, e muitas das quais podem ser medicamente desnecessárias. Essa taxa também é elevada nos EUA: cerca de 33% dos nascimentos.

Os pesquisadores brasileiros descobriram que 15% dos nascidos por cesariana eram obesos, comparado a 10% dos que nasceram naturalmente.

A equipe analisou uma série de outros fatores que poderiam explicar a conexão, como peso médio de nascimento, renda e níveis de escolaridade (mães mais educadas tinham uma taxa mais elevada de cesariana). Mesmo depois de considerar esses fatores, a cesariana manteve-se ligada a um aumento de 58% no risco de obesidade adulta.

Sendo assim, é possível que a cesariana afete diretamente o risco de se tornar obeso na vida adulta.

Isso pode ser porque os recém-nascidos através de cesariana não são expostos a bactérias benéficas (passadas no parto normal), e assim podem demorar mais tempo para acumular bifidobactérias e outros micróbios que influenciam o metabolismo.

Da mesma forma, adultos obesos tendem a ter menos dessas bactérias benéficas no seu trato digestivo do que pessoas de peso normal.

Mas a teoria é controversa. Os próprios pesquisadores gaúchos alertam que as descobertas não provam que existe causa e efeito; ainda pode haver outras explicações para tais resultados.

A principal deficiência do estudo é que ele não tem nenhuma informação sobre o peso das mães. Mulheres obesas são mais propensas a precisar de cesariana; da mesma forma, são mais propensas a terem crianças acima do peso ou obesas.

Porém, outros pesquisadores também estão estudando a questão de por que pessoas obesas tendem a ter uma composição diferente de bactérias intestinais.

Uma teoria é de que a variação de bactérias intestinais contribui para a obesidade; ou seja, se alguém tem menos bactérias, isso faz com que ela queime menos calorias e armazene mais como gordura.

A descoberta do estudo atual é interessante, mas levanta mais perguntas do que respostas, e exige muito mais pesquisa. Segundo especialistas, mais estudos terão que eliminar fatores “confusos”, como o peso das mães e diabetes relacionada com a gravidez, para mostrar se a ligação entre cesariana e obesidade é real.

Os pesquisadores brasileiros concordam que mais estudos são necessários, incluindo pesquisas sobre as bactérias intestinais nos recém-nascidos, que sigam as crianças ao longo do tempo para traçar suas mudanças de peso.[MSN]

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