4 maneiras que a pobreza ferra com a vida das pessoas

Por , em 12.08.2015

Sabe aquela história de que dinheiro não traz felicidade? Há controvérsias. Estudos descobriram que os efeitos psicológicos da pobreza a longo prazo podem ser mais profundos do que os efeitos da vida em uma zona de guerra, por exemplo.

Enquanto muito dinheiro pode trazer mais problemas do que resolvê-los, a extrema miséria tem o potencial de fazer coisas estranhas com as pessoas, como…

4. Ser pobre faz você envelhecer mais rápido

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Um estudo com residentes de Detroit, nos EUA, revelou que a pobreza fisicamente envelhece as pessoas, a nível celular.

Os nossos cromossomos são cobertos por telômeros, que protegem o DNA. Toda vez que as células se dividem, os telômeros perdem um pouco de seu comprimento, até que, eventualmente, seu DNA fica tão desgastado que você morre de velhice.

Mas o tempo não é a única coisa que pode enfraquecer seus telômeros. Seu encolhimento também tem sido associado ao estresse crônico – como, por exemplo, do tipo das pessoas que constantemente se preocupam sobre como vão pagar o aluguel e alimentar seus filhos este mês.

Os pesquisadores descobriram que os moradores de Detroit de classes mais baixas tinham telômeros menores, fornecendo evidência direta de que o estresse de viver em extrema pobreza pode levar ao desenvolvimento precoce de doenças relacionadas com a idade, como doenças cardíacas.

Estranhamente, o estudo constatou que o comprimento dos telômeros varia muito em pessoas de diferentes raças e etnias. No entanto, eles não sabem se isso se aplica universalmente.

Por exemplo, a diferença entre brancos pobres e não pobres no estudo foi tão grande que não os cientistas não têm certeza de como os brancos pobres ainda estão vivos. A diferença entre negros pobres e não pobres foi menos pronunciada, enquanto moradores pobres de ascendência mexicana, na verdade, tinham telômeros mais longos do que os seus homólogos não pobres. Os pesquisadores acreditam que isso pode ser porque a maioria desses participantes eram novos nos EUA e, portanto, não tinham tido seus espíritos quebrados por Detroit ainda.

3. Ser pobre encolhe o cérebro de crianças

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De acordo com nova pesquisa da Universidade de Princeton (EUA), a pobreza predispõe o indivíduo a cometer erros, reduzindo seus cérebros.

Como isso acontece? Quando você vive em situação de pobreza, sua mente está tão preocupada com problemas financeiros que a lógica se torna confusa, resultando em uma queda mensurável no QI, entre outras coisas.

Os pesquisadores administraram uma série de testes de cognição e lógica em pessoas de baixa renda, e descobriram que aquelas que se preocupavam mais com dinheiro ao completar a avaliação tinham 13 pontos de QI mais baixos, o equivalente aos efeitos da falta de uma noite inteira de sono ou de ser um alcoólatra.

Pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA) também têm demonstrado que a pobreza causa mudanças adversas neurológicas em crianças, incluindo na memória, linguagem e habilidades de pensamento analítico.

Crianças que haviam crescido pobres pontuavam 20% menos em avaliações de memória de curto prazo, além de terem mais hormônios do estresse como o cortisol. Os pesquisadores acreditam que estes níveis constantemente elevados de estresse levam a uma redução acumulada em poder do cérebro. Tanto as crianças urbanas quanto as rurais exibiram impedimentos de aprendizagem semelhantes ligados a pobreza.

Por fim, ser de baixa renda faz mais do que minar o cérebro de sua vitalidade; literalmente o encolhe. Crianças nascidas na pobreza têm menos área neurológica do que aqueles com pais que podem comprar animais exóticos.

Estes efeitos são evidentes em crianças tão jovens quanto um mês de idade, e persistem até a idade adulta. A boa notícia é que este encolhimento do cérebro pode ser reversível: um estudo no México revelou que o aumento de renda das famílias pobres levou a uma melhora das habilidades cognitivas e de linguagem de seus filhos dentro de 18 meses.

2. Ser pobre deixa as pessoas mais caridosas e generosas (e cada vez mais pobres)

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Na Califórnia, como na maioria dos outros locais do mundo, motoristas são obrigados a parar para os pedestres em faixas. Um estudo recente verificou que a grande maioria das pessoas não tem problemas para obedecer a essa lei, exceto os condutores de carros de luxo.

Estudos semelhantes mostraram que pessoas ricas são mais propensas a trapacear em um jogo de azar, mentir durante negociações e aprovar comportamentos antiéticos, incluindo roubo no local de trabalho. Parece que a riqueza transforma as pessoas em monstros, ou então que só os verdadeiros FDP ficam ricos.

Mas e se você viver na pobreza relativa por uma parte substancial de sua vida e de repente ganhar na loteria? Você vai manter sua alma generosa?

Não. Um estudo conjunto da Universidade de Harvard e de Utah (ambas nos EUA) descobriu que simplesmente pensar sobre dinheiro torna as pessoas mais propensas a mentir ou fazer escolhas antiéticas, mesmo se não há nenhuma implicação de que sua trapaça ou fraude resulte em ganho financeiro.

Em outro estudo, realizado na Universidade de Minnesota (EUA), os pesquisadores descobriram que fazer os participantes pensarem sobre dinheiro os tornava menos cooperativos e úteis para outras pessoas, e excepcionalmente menos propensos a doar para a caridade. Parece que uma vez que a verdinha entra em jogo, a moral de todos vai direto pelo ralo.

Os cientistas pensam que os seres humanos têm um conjunto limitado de altruísmo e empatia. Basicamente, somos mais empáticos quando temos que nos preocupar com nossas próprias necessidades. Já se a sua maior preocupação for que Bentley deixar para fora da garagem, você não tem inclinação ou capacidade de sentir compaixão por outras pessoas.

Parece que a humanidade se resume a uma escolha entre ser pobre, mas um ser humano decente, ou ser rico e muito babaca. Dado que ser pobre também vem com um encolhimento do cérebro…

1. Para meninos, sair da pobreza torna as coisas piores

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Obviamente, viver em um bairro pobre não é exatamente a situação mais saudável para a psique de um jovem. Mas crianças são bem adaptáveis, certo? Não é bem assim – meninos que se deslocam para fora da pobreza possuem, na verdade, um risco aumentado de problemas mentais e comportamentais.

Na década de 1990, o governo dos EUA iniciou um programa chamado “Moving To Opportunity”, que permitia a mães solteiras mudar com seus filhos para fora do gueto, a fim de examinar o resultado que isso teria sobre os cérebros ainda maleáveis das crianças.

O estudo acompanhou 3.689 crianças de mais de 4.600 famílias de habitação pública. Dessas famílias, 1.430 receberam vales para se deslocar para bairros de baixa pobreza (este foi o grupo “bilhete dourado Willy Wonka”), 1.081 receberam vales para se deslocar para qualquer bairro (o grupo “bilhete douradíssimo Willy Wonka”), e 1.178 não receberam nada (o “grupo de controle” ou “grupo desfrute continuar a viver na pobreza”).

No início da intervenção, as crianças tinham de meses a oito anos de idade. Dez a quinze anos mais tarde, os então adolescentes foram entrevistados e analisados para doenças mentais.

As meninas responderam muito bem à mudança, exibindo menores taxas de depressão e problemas de comportamento. Isto é o que os pesquisadores esperavam. No entanto, os meninos mostraram um aumento em ambas as categorias. Tirá-los de seus bairros pobres tinha agravado os sintomas de transtorno de estresse pós-traumático.

Os pesquisadores não têm certeza por que isso aconteceu, mas acreditam que têm a ver com diferenças de gênero nas habilidades de socialização. Meninas, em geral, são mais socialmente adaptáveis.

Enquanto elas foram aceitas por seus novos vizinhos, os meninos foram tratados como uma ameaça por aqueles que já viviam na nova comunidade, e se tornaram, portanto, mais propensos a se meter conflitos ou outros problemas comportamentais.

Desde pequenos, garotos são tão bem treinados em babaquices de classes que nem as muitas vantagens de uma melhor casa, escola e ambiente geral podem superar isso. Portanto, a questão pode não ser se podemos ou não resolver a pobreza, mas sim se vamos ou não permitir que ela seja resolvida. [Cracked]

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