Como o peixe rêmora gruda em outros animais e objetos
O rêmora (Remora remora) é um peixe que intriga os cientistas há anos. Esses integrantes da família Echeneidae possuem uma ventosa, que parece um disco acima de sua cabeça, com a qual se fixam a outros animais, podendo viajar grandes distâncias.
Esses peixes, que podem chegar a um metro de comprimento, costumam se agarrar a raias, tubarões, tartarugas e cascos de barcos em águas tropicais (podem até mesmo grudar em seres humanos, tamanha a aderência).
Só que eles não são parasitas – apenas inofensivamente pegam carona e se alimentam dos restos de comida de seus hospedeiros. Por conta disso, a espécie é frequentemente usada como exemplo de comensalismo – uma relação entre organismos diferentes que se caracteriza por ser benéfica para uma espécie, não causando prejuízo para a outra.
Agora, cientistas dizem ter confirmado como o rêmora ganhou sua ventosa.
Há muito tempo se suspeitava que o disco era feito de partes rearranjadas de uma barbatana dorsal normal, mas o seu desenvolvimento não tinha sido estudado. Ao observar rêmoras desde seus estágios de larva iniciais, pesquisadores disseram ter provado de vez a teoria.
“Seguimos as primeiras fases de desenvolvimento do disco, combinando os primeiros vestígios de elementos da ventosa com os primeiros vestígios de elementos das barbatanas dorsais de outro peixe, Morone americana, que tem uma nadadeira dorsal típica da maioria dos peixes”, explicou o pesquisador Dave Johnson, zoólogo do Museu Nacional de História Natural Smithsonian (EUA).
Johnson e seus colegas observaram que, através de uma série de pequenas mudanças, três elementos da barbatana típica – radiais distais, radiais proximais e espinhos – se transformavam durante o desenvolvimento do peixe para formar a ventosa.
Os pesquisadores também descobriram que as larvas têm dentes distintos salientes em forma de gancho no maxilar inferior. Isso pode ser um indício de como o peixe pega carona quando ainda bebê, antes de desenvolver o disco – mas é um tópico para uma nova pesquisa.[LiveScience, ATeR]