O gigantesco meteorito “brasileiro” que pode ter extinto milhares de espécies

Por , em 8.08.2013

É bem conhecido que os dinossauros foram aniquilados 66 milhões de anos atrás, quando um grande impacto de meteoro ocorreu no que é hoje o sul do México. Agora, novas evidências corroboram a ideia de que um impacto que mudou o clima terrestre teve um papel decisivo na maior extinção de todas, no fim do período Permiano, mas em um local diferente.

Embora a teoria do meteoro e da extinção já seja bem aceita há um bom tempo, faltava uma cratera adequada para confirmá-la. O Professor Eric Tohver, da Universidade Ocidental da Austrália, acredita ter encontrado a cratera de impacto que define que essa foi, mesmo, a causa da extinção dos dinos, mas com detalhes significativamente diferentes.

No ano passado, o Dr. Tohver estudou uma estrutura de impacto que fica na fronteira dos estados de Mato Grosso e Goiás, no Brasil – a chamada cratera do Araguainha, com 254,7 milhões de anos, com uma margem de erro de 2,5 milhões, mais ou menos. Estimativas anteriores tinham sugerido que o Araguainha era 10 milhões de anos mais jovem, mas o Dr. Tohver a colocou em uma distância geológica próxima da data de extinção permiana.

A cratera de Chicxulub, no México, tem 180 km de diâmetro, enquanto o Araguainha tem apenas 40 quilômetros – o que era considerado muito pequeno para ter causado a reação em cadeia que provocou tal extinção em massa.

Ara

Araguainha

“Eu tenho trabalhado com Fred Jourdan na Universidade de Curtin (Austrália) e meu colega de pós-doutorado Martin Schmieder para estabelecer melhores idades para várias estruturas de impacto na Austrália e no exterior. Estávamos particularmente interessados ​​na cratera do Araguainha, desde que a idade inicial determinada na década de 1990 era relativamente perto do limite Permo-Triássico. os aperfeiçoamentos nas técnicas geocronológicas que estamos aplicando estão ajudando a revelar a verdadeira idade dessas estruturas”, disse o Dr. Tohver.

Os resultados de uma extensa pesquisa geológica da cratera de Araguainha, publicados em “Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology”, revelam uma quantidade considerável de óleo de xisto nas rochas. Os pesquisadores calcularam que o impacto teria gerado milhares de terremotos de até magnitude 9,9 por centenas de quilômetros ao redor, significativamente mais poderosos do que o maior deles já registrado por sismólogos modernos, liberando enormes quantidades de petróleo e gás das rochas quebradas.

O Dr. Tohver acredita que a explosão teria liberado metano na atmosfera, o que resultaria em um aquecimento global instantâneo, tornando o ambiente muito quente durante a maior parte da vida animal do planeta.

“Martin Schmieder e eu estamos atualmente trabalhando em documentar alguns dos efeitos ambientais mais extremos do impacto, incluindo tsunamis gigantes. Além disso, o trabalho em curso com colegas da Universidade Curtin será fundamental para documentar mudanças na geoquímica orgânica das rochas estudadas”, disse o Dr. Tohver.

Estima-se que mais de 90% de todas as espécies marinhas e cerca de 70% das espécies terrestres desapareceram na grande extinção do Permiano. [sciencealert, astronomia.blog]

4 comentários

  • Andre Luis:

    Que legal, agora temos artigos do Jonatas! Ótimas matérias!!!!

  • Eric Musashi:

    Corrigindo a matéria, que em vários pontos fala da extinção do permiano como a dos dinos. Na verdade foi a extinção que propiciou a ASCENÇÃO dos dinos.

    • Jonatas Almeida da Silva:

      Acho que não ficou bem claro: O impacto do Araguainha se refere nesse estudo na verdade a Grande Extinção do Permiano (maior e anterior a extinção dos dinossauros, anterior até a origem dos dinossauros). A extinção dos dinossauros é citada apenas no primeiro parágrafo, a título de comparação e referência *é a mais conhecida do público leigo, e a cratera do México também, para comparação.
      Abraços, obrigado pela observação. 🙂

    • Saprugo:

      “Estimativas anteriores tinham sugerido que o Araguainha era 10 milhões de anos mais jovem, mas o Dr. Tohver a colocou em uma distância geológica próxima da data de extinção dos dinossauros.” Nesse caso sim, no lugar de “extinção dos dinossauros” o correto seria “extinção Permo-Triássica”, “extinção do Permiano”, ou algo parecido.

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